Tanto o Dr. Carlos Feijó, como o Dr. Rui Ferreira sempre andaram por cima do muro, e não acredito que seja apenas por humildade, que estejam a fazer sair algumas verdades do baú. Será porque se um já não está tão bem quanto os outros em termos de influência, se queira vingar?
Nos últimos dias, tem circulado pelas redes sociais vários flyeres convocando manifestações pacíficas em diferentes províncias do país. Essas mobilizações são uma continuação direta da manifestação do dia 12 de Julho, realizada em Luanda, que, com toda legitimidade, denuncia o impacto devastador da subida dos combustíveis sobre o custo de vida dos transportes e da cesta básica.
Há uma frase que se ouve com frequência em Angola: “Neste país, a lei só funciona para alguns.” E é verdade. A justiça deixou de ser um direito universal para se tornar uma moeda de troca.
Na Cúpula EU4-África de 2025, os delegados americanos garantiram aos africanos amizade e apoio aos seus países, mas o que aconteceu na realidade e o que tem acontecido não somente à África?
Os pobres e oprimidos acabam de dar o seu recado aos poderosos de hoje. O MPLA terá entendido a mensagem que lhe foi enviada no sábado passado?
Num país onde a Constituição é lida mas não aplicada, onde os direitos são proclamados mas não respeitados, manifestar-se pacificamente em Angola é como brincar de roleta russa com as forças policiais.
Exprime igualmente a preponderância de uma indústria cada vez mais demandante e lucrativa, e até certo ponto incontornável na visão do desenvolvimento dos países. Por tudo, representa a opção válida; por vezes insuperável na alternativa de transporte ao cruzar diariamente o mundo de modo útil e bastante prático, a velocidades estonteantes com extrema comodidade e segurança.
Nos últimos dias, começaram a aparecer sinais claros de que dentro do MPLA já se está a desenhar o futuro da liderança. Mas não com anúncios oficiais ou discursos bombásticos. Está a ser feito como quase tudo no partido: com silêncio, recados simbólicos e muito jogo de bastidores.