Sábado, 06 de Dezembro de 2025
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Sábado, 06 Dezembro 2025 21:17

África, até quando? A vergonha silenciosa de uma independência incompleta

África… até quando viveremos sob a sombra da incapacidade que teima em nos perseguir? Até quando aceitaremos que, para resolver os nossos conflitos internos, precisemos sempre dos Europeus, dos Asiáticos e dos Americanos como mediadores, árbitros e “salvadores”?

 Que independência é esta que nos orgulhamos em celebrar todos os anos, se, na hora da verdade, ainda não conseguimos caminhar com as nossas próprias pernas?

É uma dor profunda ver que, meio século depois de expulsarmos o colono, continuamos dependentes das suas escolas, dos seus hospitais, das suas praias, dos seus bancos, dos seus museus, do seu saber e do seu poder. Construímos bandeiras, erguemos hinos, mas não com firmeza — a autonomia que tanto proclamamos.

Como é possível que, após tantos anos de independência, continuemos sem formar quadros suficientes para dirigir os nossos próprios países? Como é possível que ainda importemos especialistas de todos os cantos do mundo para fazer aquilo que, supostamente, já deveríamos dominar? Onde falhámos? Onde deixámos cair o sonho dos nossos antepassados de ver uma Africa independente em todos niveis?

A mediação de Donald Trump no conflito entre a RDC e o Ruanda é mais um capítulo dessa humilhação colectiva. Um presidente americano ser chamado a resolver um conflito entre dois países Africano irmãos… isso não é diplomacia. É vergonha. É incapacidade. É o retrato claro de que ainda não assumimos o controlo do nosso destino.

É duro admitir, mas é necessário. África tornou-se independente da presença física do colono, mas não da sua influência, nem da sua dependência mental. Continuamos a correr para fora sempre que as coisas apertam; continuamos a acreditar que o que vem de fora é melhor; continuamos a entregar as soluções dos nossos problemas nas mãos de quem nunca sofreu as nossas dores.

Chega. Tenhamos juízo, meus senhores. Tenhamos coragem, meus irmãos. África tem tudo para ser tudo: recursos naturais, cultura vibrante, juventude criativa, território imenso e uma história de resistência que nenhum outro continente possui. Só nos falta uma coisa — vontade política verdadeira de sermos grandes por nós mesmos.

Enquanto não acreditarmos na nossa própria capacidade, o mundo continuará a tratar-nos como um continente órfão. E a vergonha continuará a ser nossa.

Por Rafael Morais

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