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Terça, 21 Janeiro 2014 22:02

Angola aumenta medidas de restrição à liberdade de expressão - HRW

As autoridades angolanas intensificaram as medidas de restrição à liberdade de expressão, associação e reunião em 2013, levaram à justiça jornalistas e ativistas e realizaram prisões arbitrárias de manifestantes, divulgou hoje a Human Rights Watch (HRW).

O Governo tem recorrido a numerosos processos criminais de difamação contra jornalistas e ativistas, enquanto continuam os abusos da polícia, prisões arbitrárias e intimidação para impedir protestos pacíficos contra o Governo, greves e outras manifestações, segundo o relatório anual da organização dos direitos humanos - "World Report 2014", hoje lançado.

O relatório também indicou que o Governo realizou despejos forçados em 2013 e lançou uma nova iniciativa para remover os comerciantes de rua na capital, Luanda. As duas medidas afetam as comunidades mais pobres e têm sido realizadas com brutalidade, afirmou a HRW.

Direito à Manifestação

O direito à reunião, embora previsto na Constituição, não tem sido uma realidade explica o mesmo relatório.

O ano de 2013 ficou marcado pela morte de Ganga, militante de um dos partidos da oposição, durante uma manifestação pacífica pelo desaparecimento dos activistas Isaías Cassule e Alves Camulingue.

O jovem activista de 17 anos, Nito Alves, foi preso e acusado de injúria contra o Presidente José Eduardo dos Santos, por produzir e exibir t-shirts com palavras contra o Presidente, diz o documento da Human Rights Watch.

Cabinda

Apesar dos acordos de Paz no enclave de Cabinda , aquela região mantém-se sob tensão, diz a organização.

As autoridades continuam a fazer detenções arbitrárias e a torturar os apoiantes do movimento separatista Frente de Libertação do Enclave de Cabinda, a FLEC.

Entre Agosto e Setembro de 2013, 20 homens foram detidos e torturados em Cabinda, entre eles estava o conselheiro do vice-governador da província.

O advogado Arão Tempo foi ameaçado de morte por defender estes homens em Tribunal, disse a organização

Zungueiras

A decisão do Governo Provincial de Luanda de retirar todos os comerciantes ambulantes das ruas da capital é outro factor para a avaliação negativa de Angola.

Durante o processo de remoção destes vendedores ambulantes, a polícia e os inspectores provinciais usaram de força excessiva para o efeito, acusa a Human Rights Watch.

Maus-tratos, sem poupar mulheres grávidas e com crianças de colo, apreensão dos seus bens, extorsão, ameaças de detenção e detenções em alguns casos, caracterizam a acção brutal das autoridades, que muitas vezes ameaçavam jornalistas, activistas ou quaisquer outras testemunhas que tentassem registar estas situações.

As remoções do negócio informal fixo também foram alvo do mesmo tipo de tratamento. Durante o ano transacto várias pessoas foram expulsas sem aviso prévio, ficando muitas vezes privadas das únicas formas de rendimento diz a organização que afirma ainda que a remoção do negócio informal fixo e dos ambulantes empobreceu ainda mais a população.

Relações internacionais

A Human Rights Watch faz notar que Angola é a segunda maior economia dentro da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, a SADC, e simultaneamente o seu poder de influência vai crescendo tanto na sub-região como em todo o continente africano.

O país continua a atrair o investimento estrangeiro, apesar das lacunas sociais existentes e os constantes alertas da Human Rights Watch, que acusa os parceiros internacionais de ignorarem as irregularidades e fortalecerem cada vez mais os laços comerciais com Angola~.

LUSA/voa

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