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Domingo, 14 Agosto 2016 11:12

Confrontos entre elementos de seita Kalupeteka e polícia provocam cinco mortos

Cinco cidadãos angolanos morreram nos últimos dias na província do Cuanza Sul, em consequência de distúrbios protagonizados pela seita religiosa “Luz do Mundo”, anuncia hoje o governo local em comunicado distribuído à imprensa.

Entre os mortos, figuram dois agentes da Polícia Nacional, o 1º sub-chefe Alberto Cabral das Chagas, e o 2º sub-chefe Armindo Chimbundo Miguel, bem como três membros da seita.

Os incidentes ocorreram na última terça-feira, 9 de Setembro, na localidade de Gonçalo, comuna do Dumbi, município de Cassongue.

O comunicado detalha que, naquele dia, um grupo de membros da seita religiosa “praticou actos de violência sobre as autoridades policiais que se deslocaram àquela localidade na intenção de repor a ordem pública”.

A polícia, ainda segundo o Governo do Cuanza Sul, havia acorrido à localidade “na sequência de queixas frequentes por parte da população que se sentia molestada por elementos da referida seita, que punha em causa a paz e o sossego da comunidade”.

As autoridades provinciais fizeram deslocar àquela localidade, sexta-feira e sábado, uma equipa para cumprimento do mandado de captura dos responsáveis da seita religiosa, emitido pelo Ministério Público.

O Governo do Cuanza Sul dá nota de que, da acção da Polícia Nacional, em consequência da reacção armada daquela seita, resultou a prisão do adjunto do líder da seita, de nome Victorino, bem como a morte de três dos seus membros e o ferimento de dois populares.

Outros 27 cidadãos que haviam sido feitos reféns foram libertos com os seus haveres e gado.

Ao mesmo tempo, a Polícia Nacional apreendeu nove  espingardas metralhadoras do tipo “AKM-47” e duas pistolas “Makarof”, conclui o comunicado do Governo do Cuanza Sul.

Dez elementos da seita angolana "A luz do mundo" receberam a 05 de Abril de 2016, no tribunal do Huambo, penas que totalizam quase 250 anos de cadeia pelo homicídio de nove polícias.

O líder da seita, José Julino Kalupeteka, enquanto autor moral de nove homicídios qualificados consumados e de oito homicídios qualificados frustrados, além de crimes de desobediência e outros de menor gravidade, foi condenado em cúmulo jurídico a 28 anos de prisão.

Outros sete seguidores de Kalupeteka foram condenados em cúmulo jurídico a penas de 27 anos de cadeia, enquanto autores materiais de nove crimes de homicídio qualificado consumado, além de crimes de homicídio qualificado frustrados e de resistência à autoridade.

Mais dois elementos desta seita, que advogava que o fim do mundo aconteceria em 2015, foram condenados a 16 anos de cadeia.

O caso marcou a actualidade internacional em 2015, com as denúncias da oposição angolana e de algumas organizações - sempre negadas pelo Governo - apontando a morte de centenas de seguidores daquela seita nos confrontos com a polícia no monte Sumi, Huambo.

Neste processo, a acusação do Ministério Público concluiu que antes do crime, que aconteceu a 16 de Abril de 2015, no município da Caála, quando se deram os confrontos que levaram à morte, segundo a versão oficial, de nove polícias e 13 fiéis, os elementos daquela igreja ilegal prepararam machados, facas, mocas para atacar os "inimigos da seita ou mundanos".

Durante o julgamento, que decorreu entre Janeiro e Fevereiro, o líder da seita e principal visado neste julgamento, José Julino Kalupeteka, também apelidado de "profeta" pelos seus seguidores, recusou a autoria dos confrontos ou dos actos de violência que terminaram com a morte dos agentes da polícia, que o tentavam prender, na altura.

Para a defesa, não ficou provado que o líder da seita tenha desobedecido, resistido às autoridades ou orientado os seus seguidores a criarem postos de vigilância para, posteriormente, agredirem os agentes da Polícia Nacional.

 

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