O caso continua envolto em secretismo. As autoridades angolanas já anunciaram que nove agentes da polícia e dos serviços secretos morreram nos confrontos de quinta-feira (16.04) na província do Huambo, mas recusam-se a revelar o número de vítimas mortais civis.
Segundo relatos não oficiais, as forças de segurança terão morto cerca de 300 pessoas durante os confrontos com fiéis da seita religiosa do "Sétimo Dia a Luz do Mundo", liderada por José Julino Kalupeteca. O maior partido da oposição angolana, a UNITA, denuncia também a morte de "centenas de cidadãos angolanos". As informações carecem ainda de confirmação.
Ambrósio de Lemos, Comandante-Geral da Polícia Nacional angolana, está à espera de um relatório da corporação no terreno.
"Estamos ainda a enterrar os nossos agentes no Huambo, vamos enterrar um aqui em Luanda, e ainda não me inteirei", disse Ambrósio de Lemos em exclusivo à DW África esta segunda-feira. "A equipa toda está a trabalhar com o governo provincial, portanto ainda me chegou o relatório completo."
MPLA culpa "outras forças"
Os confrontos ocorreram na localidade de São Pedro Sumé, a cerca de 40 quilómetros da cidade do Huambo. Em comunicado, o partido no poder, o MPLA, acusou "outras forças" de estarem por detrás do incidente – forças que prenderiam criar "condições para um retorno a situações de perturbação generalizada".
Em resposta, a direção da UNITA rejeitou, também em comunicado, qualquer tentativa de associação à referida seita, classificando as acusações de "irresponsáveis" e "imbuídas de má-fé". Por outro lado, o partido salienta que a seita do "Sétimo Dia a Luz do Mundo" funcionava ilegalmente "com o beneplácito das autoridades locais com quem desenvolveu, desde 2011, laços privilegiados ao abrigo dos quais o cidadão Kalupeteca beneficiou de bens materiais e espaços de intervenção nos órgãos de comunicação social públicos."
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, disse, entretanto, que a seita religiosa é uma ameaça à paz nacional.
O líder da seita, José Julino Kalupeteca, de 52 anos, foi detido pela polícia nacional. No entanto, membros da sociedade civil continuam a pedir mais esclarecimentos.
DW Africa