A infraestrutura ferroviária estratégica, que liga o Porto do Lobito, em Angola à República Democrática do Congo (RDCongo), para facilitar o escoamento de minerais e mercadorias, tem estado no centro da diplomacia económica norte-americana e foi pano de fundo da visita do ex-Presidente Joe Biden, em dezembro de 2024, e de uma visita de embaixadores liderada pelo norte-americano James Story, em abril.
O projeto conta com apoio do G7 — Grupo dos Sete Países mais industrializados, da União Europeia, da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA (DFC) e do Exim Bank — Export-Import Bank dos Estados Unidos, sendo reconhecido por James Story e pelos diplomatas europeus que o acompanharam como um modelo de cooperação internacional.
Apesar disso, o financiamento da DFC — cerca de 250 milhões de dólares (aproximadamente 230 milhões de euros) anunciados em fevereiro de 2024, mais 553 milhões de dólares (cerca de 509 milhões de euros) previstos para a modernização da ferrovia e do porto — ainda não foram desembolsados.
Este facto é, contudo, minimizado pelo consórcio LAR, que tem a concessão do Corredor do Lobito, que assegura que os acionistas continuam a sustentar os investimentos em curso.
Apesar do protagonismo crescente do Corredor do Lobito, a presença norte-americana em Angola continua a ser dominada pelo petróleo.
A Chevron está presente em Cabinda desde 1954, através da subsidiária CABGOC — Cabinda Gulf Oil Company, operando na exploração e produção de crude.
Também a ExxonMobil (Esso) mantém uma presença de peso, como o Bloco 15, e anunciou novos investimentos que podem ascender a 15 mil milhões de dólares (cerca de 13,8 mil milhões de euros) até 2030.
Em 2013, a Angola LNG — Angola Liquefied Natural Gas, um consórcio liderado pela Chevron, iniciou operações em Soyo para produzir gás natural liquefeito, com capacidade de 5,2 milhões de toneladas por ano.
Ainda no setor energético, a Halliburton e outras fornecedoras de serviços de petróleo e gás mantêm presença ativa no mercado angolano.
Nos últimos anos, o objetivo de diversificação económica, reiterado pelo executivo angolano, foi igualmente acolhido pelos norte-americanos.
Desde 2022, o Exim Bank anunciou ter concedido 2,9 mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros) em financiamentos para projetos em Angola, sobretudo em três setores-chave: energias renováveis, infraestruturas e telecomunicações.
Entre os projetos de energia destaca-se a empresa Sun Africa, com garantias do Exim Bank para instalação de parques solares e no setor das telecomunicações, a Africell — operadora de origem libanesa, mas com capital norte-americano — iniciou operações comerciais em Angola em abril de 2022, aumentando a concorrência neste mercado.
As relações diplomáticas entre os dois países foram formalizadas em 1993, quando os Estados Unidos reconheceram oficialmente o governo de Angola.
Desde então, têm evoluído não apenas por via de investimentos, mas também através de acordos como o TIFA (Trade and Investment Framework Agreement), que estabelece o quadro de cooperação comercial, e o AGOA (African Growth and Opportunity Act), que concede acesso preferencial isento de tarifas a milhares de produtos africanos no mercado americano.
Na área de segurança e saúde, a parceria tem incluído programas de combate ao HIV/SIDA, reforço da capacidade laboratorial, vacinação e apoio a sistemas de vigilância epidemiológica, mas alguns desses esforços sofreram cortes significativos devido a restrições orçamentais da USAID (United States Agency for International Development), a agência norte-americana de ajuda ao desenvolvimento, por decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump.
No campo da educação, a embaixada dos Estados Unidos em Luanda tem vindo a oferecer bolsas Fulbright para mestrado e doutoramento e programas de investigação nos EUA.