Rafael Inácio, presidente da ATA, disse que os atuais 150 kwanzas (0,16 euros) cobrados em cada corrida já não cobrem os custos da atividade de táxi no país, referindo que a subida do gasóleo se repercute negativamente na atividade.
“Essa medida [aumento do preço do litro do gasóleo para 200 kwanzas (0,22 euros)] vai se repercutir na nossa atividade de forma negativa”, disse.
Em declarações à Lusa, o líder da ATA afirmou que a aquisição de peças sobressalentes e manutenção dos conhecidos táxis “azuis e brancos” (viaturas que exercem o serviço privado de táxi no país) elevaram ainda mais os custos da atividade.
“Daí que os atuais 150 kwanzas já não cobrem, daí que volto a dizer que a subida da tarifa do táxi é irreversível, será um facto e deverá acontecer nos próximos dias”, frisou sem avançar datas ou propostas tarifárias, alegando ser ainda “prematuro”.
O responsável deu conta que associações do setor estão já a negociar com os Ministérios dos Transportes, por via da Agência Nacional dos Transportes Terrestres, e das Finanças, no sentido de se encontrar um “preço ideal” para responder à demanda e a preocupação dos taxistas face à atual realidade.
Rafael Inácio insistiu que os atuais 150 kwanzas não cobrem a estrutura de custos da atividade, considerando que os taxistas estão hoje cada vez mais empobrecidos em face de uma tarifa “desatualizada”.
“Garantimos que, nos próximos dias, o segmento de táxi conhecerá novos preços, depois vamos poder comunicar o preço, mas na auscultação que tivemos nas maiores praças de táxi pelo país os associados pedem mesmo o ajuste da tarifa de táxi”, realçou.
Questionado se a nova tarifa deverá variar entre os 200 kwanzas (0,22 euros) e os 300 kwanzas (0,33 euros) como é propalado em vários círculos sociais, Rafael Inácio disse ser “prematuro” adiantar números porque a sua definição exige “muita calma e sabedoria”.
“Não quero adiantar números para não pecar, mas garantir que os 150 kwanzas vão deixar de fazer efeito”, concluiu o presidente da ATA.
O gasóleo em Angola subiu na segunda-feira às 00:00 de 135 kwanzas (15 cêntimos) para 200 kwanzas por litro (cerca de 20 cêntimos de euro), segundo o Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo.
O preço dos restantes produtos, em regime de preços fixados, nomeadamente a gasolina, o petróleo iluminante e gás de petróleo liquefeito, mantiveram-se inalterados.
O Governo angolano deliberou o ajuste gradual dos produtos derivados de petróleo para níveis de mercado até 2025, iniciando o processo com a alteração do preço da gasolina em junho de 2023, que passou de 160 kwanzas (18 cêntimos) para os atuais 300 kwanzas (33 cêntimos).