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Domingo, 12 Junho 2016 11:00

A apertada curva do Dr. Paulo Ganga - Marcolino Moco

Não me quero juntar ao alegado bulling que – segundo algumas almas – estarão várias vozes a exercer, em uníssono, sobre a supostamente pacífica e independente opinião do analista Paulo Ganga, em relação à inqualificável, embora previsível nomeação da filha de um Presidente da República, pelo próprio punho, como PCA da Sonangol.

Por Marcolino Moco

Como me juntaria a tal coisa, só por causa da mudança de ideias de alguém, quando eu próprio me irrito contra os que me “bullingam” por ter deixado de acreditar nos ideários do “partido-estado-único”, pior ainda, em relação aos de um “homem único”? A diferença é que eu levei pelo menos dez anos a efectivar tal mudança (1975 a 1985, um pouco mais, um pouco menos). 

E para consolidar tal mudança de ideias foi preciso assistir a muitas coisas que já não funcionavam com modelos antigos: cair o Muro de Berlim, dissolver-se a URSS e quase todo antigo mundo do chamado socialismo real; e ver o mapa de regimes políticos de África e do Mundo a mudar, espectacularmente, de cor, em finais do século passado. Foi daí que, como político, me juntei, de forma decidida, em Angola, aos construtores do novo constitucionalismo, pela concretização do qual luto e continuarei a lutar.

O Dr. Paulo Ganga operou, em termos de tempo, uma transformação opinante de curva tão apertada que, por experiência própria, não consigo imaginar como está a suportar a subsequente força da inércia, com as resultantes tonturas e vertigens. A menos que estejamos no quadro da realização do mesmo esquema que exaspera hoje a maioria esmagadora de angolanos e de nacionais de estados amigos, mesmo que certas elites finjam que tudo vai bem , neste gigantesco país africano. Para onde vais Angola com estes teus políticos, analistas e outros intelectuais é a pergunta com que muitos angolanos, com certeza, se confrontaram perante a reviravolta do sociólogo Paulo Ganga. 

Se quiserem que seja franco, ao ouvir toda aquela verborreia, em que se comparam nomeações dentro de uma organização político-militar rebelde com as de um Estado que se define democrático e de direito, já no 14º ano da celebração da paz e reconciliação nacionais, e, sobretudo, ao escutar repetidos os mesmos argumentos do santo patriarca (ou patriarca Santos) para justificar a transferência de recursos nacionais para o exterior, em nome da sua família, fiquei com a impressão de ver um "onganga" que vinha de uma longa noite de cansaços de encaixe doutrinal e “orientações precisas e clarividentes”.

 

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