Mas o fim do sonho angolano de Paulo Azevedo tem outro risco, que é ameaçar o acordo de sucesso que existe entre os dois grupos na NOS.
A fusão da Zon com a Optimus surpreendeu o mercado, não pelo racional do negócio, mas porque juntava na mesma empresa duas culturas muito diferentes e habituadas a mandar. Seria um teste aos accionistas e também à gestão de Miguel Almeida, um homem da Sonae que teria de despir essa camisola. Os resultados da NOS divulgados hoje mostram que a companhia percorreu mais depressa, e melhor do que se suponha, o processo de fusão e integração de duas culturas. A da Sonae ganhou prevalência sobre a da Zon, desde logo pela saída de alguns dos quadros superiores como Rodrigo Costa e Luís Lopes. Mas foi suficientemente cuidadosa e pensada para permitir uma independência da gestão em relação aos dois accionistas. Entenderam-se no plano estratégico, têm uma equipa a funcionar e estão a queimar etapas, até de objectivos de mercado.
A crise do negócio de distribuição em Angola entre Paulo Azevedo e Isabel dos Santos deixa uma pedra no sapato, mas não precisa nem tem de ser estendida a outros negócios. Em Angola, ma verdade, o acordo estava no papel, mas ainda não tinha saído para o terreno. É evidente que a contratação de quadros superiores entre parceiros não é a melhor forma de cuidar dessa parceria. Sem contactos prévios, sem aviso, sem acordo. E os dois quadros também não saem nada bem na fotografia.
Pode ser até uma oportunidade para clarificar um acordo que estava a derrapar e para o qual nenhum dos lados parecia querer dar a Extrema-unção.
Paulo Azevedo e Isabel dos Santos vão ter de fazer um esforço para evitarem que esta ruptura se repercuta em Lisboa, e na NOS, num negócio que está a correr bem, para os dois accionistas e para a empresa.
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