Num artigo para a revista African Arguments, a jornalista e analista sul-africana Helen Reid afirma que a atual “repressão” do governo contra ativistas políticos pode estar a unir os contestatários, que “estão a comunicar mais do que nunca” e dão sinais de convergência de objetivos.
“Acreditamos que as mudanças políticas em Angola através de forças progressivas podem abrir caminho a uma solução para o problema de Cabinda”, disse à revista o ativista Raul Tati. Se a questão de Cabinda é antiga, e envolveu ao longo dos anos a luta armada da FLEC, os problemas económicos em Angola vieram aumentar o tom dos protestos sociais. E o governo respondeu com “mão dura”.
Segundo o Africa Monitor Intelligence, vários comandantes da FLEC foram assassinados este ano na República do Congo. É corrente nos próprios meios do aparelho de segurança que as operações foram coordenadas por um oficial da Casa Militar, Henrique Futi, recentemente promovido a general e nomeado assessor do CEMGFA em Cabinda.
Os últimos ataques conhecidos da FLEC tiveram lugar em dezembro de 2014. Mas o governo tem acusado diversos ativistas de ligações à FLEC. Em outubro, Marcos Mavungo, da associação Mpalabanda, foi condenado a seis anos de prisão por planear uma manifestação.
Arão Tempo, presidente da Ordem dos Advogados de Cabinda, foi em novembro formalmente acusado de rebelião e de instigar a guerra civil, depois de ter sido detido ao tentar levar jornalistas a cobrir uma manifestação declarada ilegal.
“O único instrumento que o atual regime tem contra manifestações e liberdade de expressão é atualmente a repressão”, afirma Raul Tati. “Não podemos ainda falar de uma crise política, mas tem havido um endurecimento do regime”, adiantou à Africa Arguments o ativista, também ele detido pelo governo há alguns anos.
AM