O massacre aconteceu após as eleições presidenciais e legislativas de 1992, as primeiras da história do país. O partido governante, o MPLA, reivindicou a vitória nestas eleições. O movimento de oposição que tornou-se partido político, a UNITA, questionou a equidade das eleições. Uma vez que nem o candidato do MPLA nem o candidato da UNITA obtiveram a maioria absoluta requerida nas eleições presidenciais, uma segunda volta seria necessária de acordo com a constituição.
À medida que ambas as partes intensificaram a retórica da guerra, a Forças do governo (MPLA) atacaram membros e apoiantes da UNITA e da FNLA em Luanda. As vítimas incluíram muitos indivíduos da etnia Bakongo (associada à FNLA, liderada por Holden Roberto) e Ovimbundu (associada à UNITA, liderada por Jonas Savimbi), bem como "Zairenses" (termo usado para cidadãos angolanos ou imigrantes da República Democrática do Congo, muitos dos quais eram Bakongo).
Seguiram-se combates que levaram à morte de muitos membros proeminentes da UNITA como Jeremias Chitunda, Elias Salupeto Pena e Aliceres Mango, que foram retirados do seu veículo e mortos a tiros pelos apoiantes do MPLA no Sambizanga.
O "Nandó" na época do "Massacre de Outubro" foi Ministro do Interior e a polícia nacional sob a sua tutela distribuí as armas a população civil em Luanda que resulto no massacre. Na época os ativistas e críticos, levantaram questões sobre a responsabilidade de Nandó e outros líderes do MPLA na gestão dos acontecimentos.
Embora os resultados de busca não citem acusações diretas ou provas conclusivas de seu envolvimento pessoal ou ordem para o massacre, o seu papel como Ministro do Interior na época colocou-o no centro das críticas e alegações de responsabilidade pela resposta do governo.
Até hoje, permanece por esclarecer quem ordenou o massacre. O número de vítimas também nunca foi confirmado, mas estima-se que tenham morrido entre 10 mil e 50 mil pessoas.
O jornalista e analista político Orlando Castro afirma no DW que, nessa altura, o MPLA tentou "neutralizar todos os que pensavam de maneira diferente do regime":
"Foi uma tentativa de decapitar a UNITA. Tanto que fala-se em milhares de mortos, eventualmente até em cerca de 50 mil. Na história do MPLA, os massacres, ou as purgas, ou o que se lhe quiser chamar, são uma regra estratégica do regime, mesmo até para os próprios simpatizantes do MPLA."
O tema ainda é tabu em Angola e desconhecido por muito jovens. Daí a importância de uma boa estratégia de reconciliação, desde que não se branqueie a verdade, defende Orlando Castro:
"Estes massacres são os mais visíveis, quer o de 27 de Maio de 1977, quer o de 1992, são os mais visíveis pelo número de vítimas, mas o MPLA tem muitas outras histórias porque ao longo da guerra - embora a UNITA obviamente também tenha cometido grandes erros - o MPLA, até pelo poder militar que tinha, massacrou muita gente inocente. Os jovens não conhecem esta história. A paz e reconciliação em Angola nunca se conseguirá com base na mentira."
Luis Carlos

