Esta pergunta foi feita pelos juízes aos anteriores réus que optaram pelo silêncio, mas o quinto activista a ser ouvido, hoje, admitiu que Santos é um ditador.
Antes de Hamza, durante o interrogatório de Nuno Álvaro Dala, foi apresentado um vídeo, mais uma vez sob protestos da defesa por a polícia não ter tido nenhum mandado judicial para gravar as reuniões privadas dos activistas.
No vídeo, segundo a procuradora Isabel Fançony, Domingos da Cruz fala de um suposto plano para disseminar o plano de destituição do Presidente da Republica e do Governo angolano.
A procuradora quis saber se Dala participou ou não do encontro naquele dia, tendo o réu optado não responder.
Fançony mencionou na audiência uma carta que supostamente foi escrita por Nuno Alvaro Dala, enviada da cadeia de Calomboloca ao réu Luaty Beirão, na qual, segundo a procuradora, o interrogado mostra o seu descontentamento pelo facto de Domingos da Cruz ter sido detido na fronteira entre a Namibia e Angola.
Questionando se a carta é da sua autoria, Dala respondeu positivamente, mas negou dizer se estava ou não arrependido com o comportamento de Domingos da Cruz.
Em resposta às perguntas da defesa Nuno Álvaro Dala disse que nunca pensou em golpe de Estado nem escreveu qualquer texto sobre essa possibilidade.
Durante a última fase do depoimento de Nuno Dala, questionado por Walter Tondela, o activista garantiu que em momento algum da sua detenção foi evidenciado um mandado de captura e que a família não foi informada do local para onde tinha sido levado.
O arguido afirmou ainda que não defendia o alegado golpe de Estado e que o grupo de activistas não tinha qualquer intenção de preparar tais actos, ao contrário do que é acusado. “O país não precisa disso, porque quando isso ocorre o país retrocede”, afirmou Dala.
Dala continuou o seu depoimento dizendo que um golpe de Estado só provoca o caos e instabilidade. O advogado também questionou se, na altura da detenção, Dala se encontrava armado e este respondeu que não, que tinha apenas uma mochila com pertences pessoais.
No segundo período do dia, começou o interrogatório de Mbanza Hamza, de quem a acusação quer saber, também, quais os objectivos do suposto curso.
Banza Hanza admitiu que as reuniões realizadas tinham como principal propósito levar a cabo debates sobre diversos temas da vida política e social do país.
Negou que as mesmas tivessem como foco a formação de activistas, uma vez que tinham caracter aberto, sendo as redes sociais o meio utilizado para anunciar a sua realização.
O réu disse que não pretendiam destituir o Presidente da República nem os membros dos órgãos de soberania, uma vez que a sua intenção se resumia em combater “os males sociais que afectam a sociedade angolana”.
Questionado pelo juiz sobre como pretendia levar a cabo a luta contra os males sociais, o réu respondeu: "ao não me calar contra as injustiças, exercendo o meu direito de cidadania e participando em actos cívicos, estaria a cumprir com este desiderato”.
Banza Hanza negou que tivessem a pretensão de preparar greves generalizadas, uso de crianças, mulheres, taxistas ou outros cidadãos para actos de rebelião como queima de pneus, entre outras acções.
Interrogado se todos os participantes nas reuniões que eram levadas a cabo desde o dia 16 de Maio de 2015 tinham os mesmos objectivos, o réu referiu que preferia responder apenas pelos seus actos.
O julgamento entra amanhã no seu décimo dia.
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