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Sexta, 31 Mai 2024 10:06

Líder do Fundo Soberano de Angola pede sistema financeiro “forte” em África

O presidente do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), Armando Manuel, defende que África tem condições para criar um sistema financeiro “forte”, necessitando para isso de “acelerar reformas” para garantir “segurança” aos investimentos.

“Podemos criar um ecossistema financeiro forte no continente e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) pode ter um papel importante na aproximação entre nós, trabalhar com os governos para acelerar as reformas e garantir que temos um ambiente seguro para a aplicar os nossos recursos”, afirmou Armando Manuel, num evento à margem dos encontros anuais do BAD, que terminam hoje em Nairobi.

“Em termos financeiros, vemos, por exemplo, uma série de fundos de pensões no continente com poupanças avultadas. Mas a ideia é como podemos criar os instrumentos de mitigação de risco. Por exemplo, instrumentos de mitigação de risco monetário que possam obter esses recursos e distribuí-los”, defendeu o também antigo ministro das Finanças angolano e que lidera o Fundo Soberano de Angola desde dezembro passado.

O FSDEA foi criado pelo Governo angolano com um capital líquido de 5.000 milhões dólares (4.619 milhões de euros) das receitas da exportação de petróleo.

"Temos adotado, há quase dez anos, vários ativos de estratégia global, procurando crescimento a longo prazo, maioritariamente concentrado em títulos (...). Mas temos também uma presença ativa no continente, onde investimos em alternativas em setores como a hotelaria, a exploração mineira, as Tecnologias de Informação e Comunicação, e estamos fortemente concentrados no setor agrícola”, explicou, durante a participação no evento do BAD sobre “Financiamento da transição em África num sistema financeiro global em mudança”.

“Por exemplo, as culturas de rendimento, as proteínas animais e vegetais. Não faz sentido que África continue a importar carne de aves de capoeira, quando demora 35 dias para nascer uma galinha, 20 dias a incubar o ovo, algumas horas a esmagar o grão para alimentar. Isto é exequível e acreditamos que, ao fazê-lo, podemos obter lucros. Mas também podemos criar empregos para os jovens e apoiar a transformação económica tão necessária para o continente”, defendeu.

Armando Manuel avançou igualmente que o FSDEA também tem apostado no setor da saúde: “Sobretudo, do fabrico de medicamentos genéricos e temos uma enorme apetência por ativos ecológicos”.

“Por exemplo, estamos atualmente a desenvolver um ativo verde composto por 53.000 hectares com o potencial de aumentar a escala para 200.000 hectares. Ao fazê-lo, estamos não só a investir na cadeia de valor florestal, mas também a criar condições para explorar facilmente o mercado de obrigações e mobilizar esses recursos de obrigações verdes, apoiando a transformação económica”, disse ainda.

Defendeu que a estratégia do FSDEA “consiste em mobilizar capitais privados”, para com isso “fortalecer” o balanço.

“Por exemplo, em Angola, onde colocamos um dólar, esperamos trazer os dois, três, quatro dólares do exterior. Trata-se de estabelecer parcerias com os gestores de ativos, os fundos de pensões ou os fundos soberanos de riqueza, os bancos de investimento”, explicou, avançando a aposta “forte” do fundo angolano nas infraestruturas e a possibilidade de entrar nas energias renováveis.

Para Armando Manuel, na capitalização destes investimentos, a parceria com os bancos de desenvolvimento, dando como exemplo o BAD, é fundamental.

“Considerando a vantagem comparativa que essas instituições têm em termos de conhecimento. A vantagem comparativa que têm (...) no apoio aos governos para acelerar as reformas, para criar um ambiente de negócios no qual podemos utilizar os nossos recursos de forma segura”, concluiu.

O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e reúne-se desde segunda-feira em Nairobi para debater "A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global", com 3.000 participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas, de todo o mundo.

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