O Novo Jornal ouviu alguns cidadãos da RDC residentes em Angola que consideraram que o elevado volume de negócios de Angola para o país vizinho coloca o kwanza numa posição privilegiada.
"A depreciação do franco é regular na RDC, embora aconteça constantemente também em Angola, mas o Kwanza sempre ganhou espaço no nosso País", disse ao Novo Jornal Massamba Kiamesso, que vive em Angola há mais de 12 anos.
Segundo a nossa fonte, muitos cidadãos na RDC preferem guardar o Kwanza para facilitar a compra de produtos vindos de Angola.
Para Massamba Kiamesso, "não obstante a depreciação do Kwanza nos últimos tempos, a moeda nacional angolana continua forte na RDC".
"No território da RDC entram produtos alimentares como peixe, carne, arroz, farinha, óleo de palma, leite, bolachas, massa, conservas de carne, bebidas, materiais de construção cimento, combustíveis, barras de ferro, detergente, sabão, papel higiénico (...) e fraldas de bebé. Isso coloca o kwanza numa posição de vantagem", argumentou.
"A RDC recebe mercadorias de países vizinhos como a Zâmbia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, Congo Brazzaville e Burundi, mas Angola lidera no volume de negócios", acrescentou.
Segundo Massamba Kiamesso, para quem não tem o dólar, estes produtos são adquiridos em Kwanzas, porque o franco é uma moeda muita fraca.
"Milhões de Kwanzas são apreendidos diariamente nos postos fronteiriços de Angola com a RDC, nas províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico. É só para ver como é que a moeda nacional angolana tem peso no nosso País", disse Mbiyavanga Maluta, em Angola há 30 anos.
Muanda Kialuta, também da RDC, mas a viver em Angola há um ano, diz que no seu País há uma verdadeira "caça" ao kwanza nos mercados e nas casas de câmbio.
"É uma moeda muito disputada. Mais do que o dólar, porque não existem restrições para aquisição da moeda norte-americana na RDC como acontece em Angola", contou, frisando que quer na parte angolana como na RDC, as autoridades estão muito atentas à circulação do kwanza.
Nos últimos dias, o movimento de cidadãos nacionais na fronteira do Luvo, na província do Zaire, para comprar moeda estrangeira, em particular dólares, tem registado um crescimento fora do comum e muitos angolanos procuram a todo custo atravessar a fronteira da República Democrática do Congo (RDC), com milhões de kwanzas camuflados. A Polícia de Guarda Fronteira, assim como as autoridades aduaneiras, têm procurado impedir a saída do dinheiro, e, há uns dias impediram um cidadão de atravessar com mais de 25 milhões, como noticiou o Novo Jornal.
"Na parte angolana impedem a entrada ilegal do kwanza na RDC e na RDC as autoridades criam dificuldades para receberem o dinheiro em seu proveito", disse. NJ
