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Domingo, 13 Dezembro 2020 22:21

Isabel dos Santos rejeita ter recebido dinheiro da UNITEL e coloca-se na condição de credora

Num momento em que José Eduardo dos Santos se prepara para viajar de Barcelona para o Dubai para passar a quadra natalícia com Isabel dos Santos, uma nova desgraça se abate sobre a filha do ex-presidente de Angola: a perda do controlo da UNITEL por determinação judicial do Tribunal Arbitral das Ilhas Virgens Britânicas.

Mal refeita da morte do marido, este é o segundo golpe demolidor que, em pouco mais de um mês, a empresária angolana sofre, depois daquele tribunal ter ordenado a retirada temporária dos seus direitos de voto na maior empresa de telefonia móvel em Angola.

“Se já estava fragilizada como resultado do arresto decretado pelo Tribunal Provincial de Luanda, sem poder contar com o apoio do general Dino que ficou também fragilizado perante a Justiça angolana, agora assistimos ao princípio do fim do seu império”, vaticinou ao Expresso um antigo consultor da empresária, que pediu anonimato.

O afastamento temporário de Isabel dos Santos da gestão da UNITEL surge agora na sequência de uma nova investida judicial feita pela PT Ventures, antiga detentora de 25% da UNITEL, que, detida mais tarde indiretamente pela brasileira Oi, durante vários anos se viu impedida de receber dividendos por determinação da gestão liderada por Isabel dos Santos.

Com esta ação, a partir de agora, a Vidatel, empresa de Isabel dos Santos, passará a ser representada nas assembleias gerais da UNITEL por Matt Richardson e Nicholas Wood, ambos administradores judiciais indicados pelo tribunal arbitral.

Antes desta ação, já em fevereiro de 2019, a Oi tinha movido uma outra ação junto do Tribunal Arbitral da Câmara do Comércio Internacional, tendo a Vidatel sido condenada a indemnizar a PT em 654,2 milhões de dólares, acrescidos de juros pela perda do valor da sua participação decorrente da “violação dos acordos acionistas e de transações em benefício próprio”.

Ao comprar, em janeiro deste ano, por 900 milhões de euros, os 25% da participação da Oi, a Sonangol passou a deter 50% da UNITEL, mas a crise de gestão manteve-se devido à guerra acionista que colocava, de um lado, a Vidatel e a Geni do general Leopoldino Nascimento e, do outro, a Mercury da Sonangol.

O desgaste da imagem de Isabel dos Santos acentuou-se ainda mais há um mês, depois de a UNITEL ter intentado uma ação judicial em Londres reclamando o reembolso de sete empréstimos que serviram para suportar operações financeiras e investimentos em Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. “Utilizou o nome da UNITEL para fazer vários empréstimos, um dos quais no valor de 464 milhões de dólares posteriormente repassados a uma empresa sua — a Tokeyana Management Limited, BVI — que serão certamente revisitados e, possivelmente, revertidos para a defesa dos interesses da UNITEL”, denunciou fonte da Sonangol. 

Isabel dos Santos rejeita ter recebido estas transferências e coloca-se na condição de credora da operadora, mas esta nega perentoriamente ter contraído qualquer dívida para com a Vidatel.

Agora, tudo pode mudar de figura. É que o Tribunal Arbitral das Ilhas Virgens Britânicas na sua ação não se limitou a suspender a participação de Isabel dos Santos nas decisões da UNITEL. Indo mais longe, determinou o congelamento de todos os dividendos da Vidatel e colocou sob gestão daqueles dois administradores judiciais todas as suas contas bancárias.  EXPRESSO

 
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