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Quarta, 27 Novembro 2013 14:53

Polícia impediu cortejo fúnebre de activista morto pela UGP

Depois da manifestação de sábado, também a marcha que acompanhava a pé o funeral de Manuel Hilberto "Ganga" em Luanda foi reprimida. Membros da oposição e da sociedade civil foram surpreendidos por polícias fortemente armados e dispersados com gás lacrimogéneo.

O cortejo fúnebre de Manuel Hilberto de Carvalho “Ganga”, dirigente da oposição angolana, assassinado por elementos da guarda presidencial em Luanda a poucas horas da manifestação convocada pela UNITA no sábado, foi reprimido esta quarta-feira pela polícia. O cortejo em sua homenagem seguia a pé entre a igreja, onde se realizou o velório, e o cemitério de Santana, quando centenas de pessoas que nele participavam foram surpreendidas por uma intervenção da polícia e a presença de helicópteros que sobrevoaram o percurso.

“Fomos surpreendidos com um forte aparato policial, elementos da Polícia de Intervenção Rápida fortemente armados e que chegaram a lançar gás lacrimogéneo sobre as pessoas que participam na marcha”, disse ao PÚBLICO Manuel Fernandes, vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), segundo maior partido da oposição a que pertencia o activista morto, quando o cortejo estava a poucas centenas de metros de chegar ao cemitério de Santana.

Manuel Fernandes esclarece que só depois de “mais de uma hora de negociação entre a direcção do partido e altas patentes da polícia”, as pessoas continuaram a marcha em pequenos grupos dispersos e algumas seguiram em autocarros. A intenção de realizar a marcha fora comunicada à polícia e ao governo provincial de Luanda, mas a CASA-CE não recebeu resposta nem qualquer indicação que pudesse prever qualquer impedimento. “É uma vergonha que nem um defunto possa ser enterrado com paz e tranquilidade.”

Manuel Hilberto "Ganga" era engenheiro de Construção Civil mas trabalhava como professor do 2º ciclo. Tinha 32 anos, deixa um filho de dois anos e uma noiva. Na estrutura do partido liderado pelo histórico dissidente da UNITA Abel Chivukuvuku, era director nacional para a mobilização.

Na noite de sexta-feira para sábado, Manuel Hilberto de Carvalho, conhecido por "Ganga", colava cartazes anti-Governo, na perspectiva da manifestação “contra a repressão” e “em repúdio às violações dos direitos humanos” em Angola, convocada pela UNITA, principal partido da oposição.

O grupo de oito opositores foi abordado por elementos da guarda presidencial e foram levados em duas viaturas. Durante o caminho, os elementos da guarda presidencial proferiram “palavras agressivas e ameaças de morte”, diz Manuel Fernandes com base nos testemunhos dos outros detidos. À chegada junto ao perímetro do Palácio Presidencial, os carros pararam e Manuel Hilberto Ganga desceu "para tentar pôr-se em fuga" e foi imediatamente abatido.

“Dois elementos da guarda presidencial dispararam à queima-roupa”, acrescenta Manuel Fernandes. E o opositor “teve morte imediata no local”. Os restantes activistas do grupo ficaram detidos uns momentos até serem entregues a polícia que, no dia seguinte, confirmou a morte de Manuel Hilberto por por elementos da guarda do Presidente José Eduardo dos Santos.

Organizações de direitos humanos angolanas e internacionais, como a Human Rights Watch, exigem “uma investigação” à morte de Ganga e às “detenções arbitrárias” no dia da manifestação, a primeira da oposição fora do período de eleições.

A Omunga, associação da sociedade civil angolana, sedeada em Benguela, exige, por sua vez, “um pronunciamento do Presidente da República sobre o assassínio de Manuel de Carvalho”.

Publico.pt

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