Em declarações ao Jornal de Angola, o político afirmou que o insucesso do partido fundado por Holden Roberto no último pleito deveu-se à falta de popularidade de Lucas Ngonda.
Miguel Pinto, que juntamente com mais cinco membros influentes da direcção foi há mais de seis meses exonerado das suas funções, reagia assim a um comunicado do partido no qual são explicadas as razões das exonerações.
O comunicado do conselho técnico da FNLA refere que os seis elementos exonerados estavam à cabeça da comissão coordenadora da campanha do partido para as eleições de 2012, acrescentando que se constituíram “numa conspiração para a sabotagem da campanha, com a finalidade de se apoderarem dos fundos do Orçamento Geral do Estado destinados à campanha”.
Este comportamento, diz o documento, afectou a organização da campanha da FNLA, que só arrancou 15 dias antes do pleito eleitoral, situação que provocou “prejuízos incalculáveis” à imagem do partido e indignação geral dos militantes e dos secretários provinciais, pela falta de material de propaganda.
“Os seis elementos, finda a campanha, recusaram-se a apresentar o relatório final e a participar nas actividades subsequentes da campanha, nomeadamente as reuniões de balanço”, lê-se no documento, que acrescenta: “Alguns dos elementos exonerados desviaram bens do partido, tendo inclusive procedido à venda de imóveis adquiridos para os comités do Cazenga e da Samba, sem qualquer justificação nem prestação de contas.”
Assunto no tribunal
Em reacção, Miguel Pinto negou todas as acusações que pesam sobre si e os seus colegas, tendo informado que já constituíram advogado e o caso já está a ser analisado pelo Tribunal Constitucional.
“A questão das exonerações foi apenas um subterfúgio que Lucas Ngonda encontrou para justificar o fracasso do partido nas eleições gerais de 2012. Ele não goza de popularidade, tanto no seio do próprio partido, como na imprensa.” Miguel Pinto acrescentou que Lucas Ngonda é um presidente que anda pouco. “Fizemos tudo para limpar a imagem dele mas não conseguimos daí o insucesso do partido nas eleições de 2012.”
A título de exemplo, Miguel Pinto sublinhou que várias vezes aconselhou Lucas Ngonda a suspender o seu mandato de deputado para se dedicar exclusivamente à presidência do partido, mas ele nunca aceitou. “Ele é membro do Conselho da República e professor em duas universidades e praticamente não tem tempo para os problemas do partido”, frisou.
Voltando à questão das exonerações, Miguel Pinto afirmou que, de acordo com os estatutos, o presidente do partido, por si só, não tem legitimidade para nomear ou exonerar um membro da direcção. “O chefe executivo do partido é o secretário-geral e este não foi ouvido”, queixou-se o político, para quem Lucas Ngonda agiu de má-fé ao não contactar David Mavinga,
Na óptica de Miguel Pinto, Ngonda está a fugir ao congresso para se perpetuar na liderança do partido. “Ele tem medo do congresso porque pretendemos injectar sangue novo na liderança. O mandato da actual direcção termina em Julho deste ano e já no ano passado ele devia ter convocado o congresso”, disse.
Miguel Pinto considera que não há necessidade de adiamento do conclave porque já não há crise no partido. “O que há é falta de normalidade institucional”, concluiu.
JA