Por Marcolino Moco
Até porque ainda não se tocou na vertente substantiva de um de tantos casos sórdidos das injustiças da nossa Justiça. Mas tudo isso e outras coisas preocupantes a que temos assistido, como a recolha do resto que ainda sobrava do poder de um Estado, para a sua entrega à família presidencial e o recrudescimento da intolerância política, todos estes fenómenos, aparentemente, com a conivência do maior partido do país, o MPLA, e de muitas personalidades de relevo na sociedade angolana, tudo isso são "filhos" do maior problema que temos, hoje, e que não deve continuar a ser escamoteado.
Considero que todas as forças políticas, religiosas e outras da sociedade civil, devem convencer o Presidente da República que é preciso devolver pacificamente o poder ao povo. Deixar de invocar golpes de estado, sempre que sectores da sociedade, no quadro das dificuldades que ele próprio vai criando, desde que se conquistou a paz, apenas pensem em reclamar sobre as consequências nefastas das suas atitudes centralistas e de tanta concentração de poderes.
Insisto que deve resolver-se, a contento, entre outros, o problema das vítimas da tragédia do 27 de Maio de 1977, de um e de outro lado (temos que ser cada vez mais um só povo com as nossas naturais diferenças), em vez de se utilizar este nefasto acontecimento para amedrontar jovens, e não só, para desencoraja-los a defender novas ideias para a sociedade.
Também insisto que não é verdade que isso só se deve resolver com eleições, no ponto em que a situação se encontra, em Angola. É preciso diálogo não condicionado. O povo teme que a paz seja ameaçada, mas a paciência está a esgotar-se. Acredito piamente que qualquer mulher ou homem público que não veja isso ou finge ou está distraído com questões avulsas.