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Domingo, 30 Janeiro 2022 14:39

O MIREX e as minhas mágicas diplomáticas: duas semanas de seminário intensivo a favor dos diplomatas Angolanos

A diplomacia hoje é concretamente sinônimo de poder, é sinônimo de influência, é sinônimo de lobbies, de abertura internacional, de alianças estratégicas, é sinônimo de desenvolvimento econômico, e sendo esta um instrumento da política externa àqueles que o executam devem ser altamente preparados e competentes, caso queiram mostrar resultados a favor do próprio Estado, e por incrível que pareça o MIREX decai a cada dia que passa por falta de programas estratégicos político-diplomáticos e por falta de coordenação organizativo-funcional que envolvem as nossas Embaixadas e Consulados.

Na qualidade de patriota e de tecnocrata diplomático altamente qualificado, me disponibilizaria em nome da Nação a fazer um seminário (a distancia ou presencial) a favor dos nossos diplomatas, onde ensinaria as bases necessárias para o exercício de uma boa diplomacia, em síntese ensinaria (inicialmente) uns 5 módulos:

1 - As Relações Públicas no âmbito diplomático. Mostraria na prática como um diplomata deve interagir e agir no meio de diferentes povos, culturas ou comunidades, e no meio de diferentes ambientes ou classe intelectual, sobretudo demonstraria quais as tratativas fundamentais para se fazer um bom acordo à vantagem recíproca. Aqui o diplomata pode também fazer o uso da psicologia social, psicologia política, psicologia das organizações e psicologia comportamental, de modo a convencer a outra parte a fazer acordos ou a financiar esse ou aquele projecto em prol do nosso País.

2 - Direito Internacional e Direito Constitucional Comparado. Todo e qualquer diplomata deve ter conhecimentos e noções de diversas normas e convenções internacionais que giram entorno da diplomacia. Existem mais de mil umas convenções, mas à eles ensinaria as principais convenções e tratados, tais como: as Convenções de Viena de 1961 que regulam as relações diplomáticas e as Convenções de Viena de 1963 que regulam as relações consulares. Daria a conhecer também sobre as diferentes Resoluções e Convenções internacionais adotadas pelas Nações Unidas e pelo Conselho de Segurança da ONU referente ao Combate ao Terrorismo internacional e transnacional; sobre as Convenções e Protocolos da União Europeia referente à prevenão do Terrorismo; enfim explicaria também em detalhes questões relacionado aos Pactos internacionais sobre os Direitos civis e políticos, Pactos internacionais sobre os Direitos econômicos, sociais e culturais, ambos de 1966, sem deixarmos de lado a possibilidade de entrarmos em pormenores referente à Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, explicando em detalhes do porquê que todos esses Tratados não são aplicados ou cumpridos do jeito que deviam ser, pelos Estados aderente e pelos demais Países da comunidade internacional.

                Os diplomatas são obrigados também a ter conhecimentos sobre diferentes ordenamentos jurídicos (Direito constitucional conparado ou direito público comparato), sendo assim dar-se-a, a necessidade de explica-los sobre os principais instrumentos e princípios de interpretação das normas jurídicas e como aplica-lo na prática em base ao território onde se encontram a exercer as suas funções de diplomata.

3 - Comunicação político-diplomática. Os ensinaria como se faz exactamente um discurso diplomático, também os mostraria qual é a diferença entre um discurso puramente político e um discurso puramente diplomático, do mesmo jeito os daria certas noções de como redigir um discurso jurídico-legal, ou um discurso de tipo econômico, e discursos referentes à protocolos militares, etc, etc.

Um diplomata não deve ser limitado em termos de conhecimento, um diplomata deve ter conhecimento de tudo um pouco. Mas o meu principal objectivo nesse terceiro módulo será de mostra-los como se faz um discurso diplomático, no fim do seminário todos (sem excepção) saberão como fazer eficazmente um discurso sem ter a necessidade de recorrer obrigatoriamente ao uso do rascunho, da leitura ou do laptop. Existem técnicas pra isso, só não aprenderá quem não quiser ou quem não se esforçar.

4 - Espionagem nas Embaixadas e nos Consulados. Diplomacia e Espionagem directa ou indirectamente caminham juntos, são filhos da mesma Mãe, e um bom diplomata deve ter noções disso, na verdade é obrigatório saber sobre isso, mas muitos dos nossos diplomatas enviados pelo SIE (Serviços de Inteligência Externa) nesse aspecto têm estado desantentos e têm cometido muitos erros, porque além de vazarem e de deixarem vazar uma enorme quantidade de informações sigilosas, nota-se claramente uma certa falta de preparação de inteligência de alto nível. Portanto neste módulo os  ensinaria quais as regras da Espionagem dentro das Embaixadas, mostaria como se faz e como proteger as informações confidênciais.

E por incrível que pareça muitos espiões ou agentes secretos (sobretudo espiões africanos) não sabem diferenciar os tipos de Espionagem, pensam que é tudo a mesma coisa, mas pra quem já esteve nas Academias de Espionagem ou nas Academias Militares, ou mesmo pra quem já tenha feito Cursos de Alta formação em Conselheiro civil e militar (formação prática) sabe muito bem que existem vários tipos de Espionagem, só para dar alguns exemplos, existe a Espionagem Militar (inteligência e contra inteligência militar); Espionagem corporativa ou empresarial; Espionagem técnico-científica, e tantos outros, mas o tipo de Espionagem que se faz dentro das instituições diplomáticas obedece um procedimento diferente em relação aos outros tipos de Espionagem, e é sobre isso que eu ensinaria durante o seminário. No fim das aulas deste módulo grande parte dos nossos camaradas e irmãos do SIE deixarão de inventar informações e agirão correctamente, porque passarão a fazer as coisas em base às regras da Espionagem diplomática e político-institucional.

Não fica nada bem um agente do SIE enviar aos seus superiores informações que muitas das vezes nem sequer correspondem com a verdade. Espionagem não tem nada haver com mentiras ou invenções ilusórias, a Espionagem exige o máximo de certeza possível, caso contrário colocas em risco a Segurança e os interesses do Estado.

5 - Projectação. Na verdade esse último módulo é a base de todo e qualquer exercício e função político-diplomática. Um diplomata move-se somente depois de ter algo já traçado e programado, e ao fazer negociações ou acordos com outros Estados ou organizações internacionais, empresas ou multinacionais, o diplomata deve ter consigo um projecto que delínea exactamente quais as pretenções e objectivos do Estado. E na hora de elaborar tais projectos, sobretudo projectos a nível de Estado ou a nível diplomático, exige-se procedimentos não apenas técnicos mas também procedimentos burocráticos, então nesse módulo daria a conhecer quais são esses procedimentos.

Existem tantos outros módulos que poderiam ser leccionados noutras ocasiões, tais como: diplomacia cultural; diplomacia econômico-comercial; diplomacia militar; diplomacia científica; temáticas sobre a Geopolítica da imigração internacional; temáticas sobre Ética diplomática; sobre Estratégias e dinâmicas nas tratativas da negociação; temáticas sobre as Teorias das Relações internacionais; temáticas sobre Mediação e gestão de crises; e como criar lobbies junto das super potências, junto das grandes organizações e Países estratégicos da comunidade internacional.

Sendo um Tecnocrata diplomático pra mim valem muito mais os resultados, o resto é secundário, não me importaria por exemplo em exonerar 70 ou 90% do pessoal se o que estiver em causa são os resultados ou metas favoráveis aos interesses do Governo, do Ministério ou da instituição. Grandes resultados exigem tomar decisões difíceis, exige coragem, e um verdadeiro líder deve estar preparado pra isso.

Eu e a Diplomacia, a Diplomacia e Eu

Elite Intelectual Diplomática

N.T: Pela minha idade (PHD e tantas outras formações adquiridas) muitos dizem que estou muito a frente do meu próprio tempo. Apesar de concordar com isso nada disso tem haver com a idade, se fosse por isso vários dirigentes mais velhos seriam bons líderes. Isso tem haver com competência, foco, responsabilidade e espírito de liderança. A idade por si só não quer dizer nada, o que conta realmente é o conhecimento, é o conhecimento que transforma as coisas, mas os verdadeiros competentes e intelectuais muitas das vezes não são “valorizados”. No final das contas devo dizer que, não existem mágicas em diplomacia, os resultados vêm através da competência, vêm através da execução eficiente dos projectos estrategicamente elaborados e racionalizados.

O MIREX é como se fosse uma Princesa que precisa de um Príncipe que o entenda como Ela é, fora disso não haverá apresentação familiar, e nenhum casamento poderá ser realizado, nem no tradicional, nem no civil, nem pela igreja. Parece engraçado, mas é tudo verdade: sem química emocional e de carácter, é inútil forçar um casamento!

Por Leonardo Quarenta – Tecnocrata diplomático

PhD em Direito Constitucional e Internacional

Estou focado na Diplomacia e nas Políticas de Estado

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