Quinta, 18 de Abril de 2024
Follow Us

Sábado, 14 Fevereiro 2015 23:01

Você prefere um filho gay ou infeliz?

A pergunta do título deveria ter apenas uma resposta, mas infelizmente as coisas não são assim. Pais deveriam, acima de tudo, amar seus filhos, respeitá-los, prezar por sua integridade física e moral e ajudá-los a encontrarem a felicidade. Não é o que vemos.

Nessa última semana pipocaram histórias sobre papéis de gênero e sexualidade. De histórias do passado a matérias sobre educação, passando por estudos científicos. Antes de tudo, vamos a uma explicação básica.

Papéis de gênero: aquilo que se espera que homens ou mulheres façam ou se interessem. Mulheres usam rosa e meninos azul Identidade de gênero: a maneira como uma pessoa se enxerga, independentemente do órgão sexual com o qual nasceu. Há pessoas cisgêneros – em que as informações estão em conformidade – e pessoas trans – em que as duas informações são diferentes. Orientação sexual: referente a relacionamentos amorosos e sexuais. As pessoas podem ser homossexuais, bissexuais e heterossexuais, entre outras.

É importante diferenciar todos esses termos e deixar claro que um não tem nada a ver com o outro. É possível uma pessoa questionar papéis de gênero, ser hétero e cisgênero. Como é possível a pessoa fortalecer os papéis de gênero e ser trans. Ou gay. Há infinitas combinações dentro dessas informações, mas não há combinações obrigatórias.

De acordo com um estudo conduzido pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, adolescentes que lidam bem com sua orientação sexual e identidade de gênero enquanto estão na escola têm autoestima mais elevada e níveis mais baixos de sintomas depressivos ao chegar à idade adulta. Mas para isso é necessário que esse jovem tenha confiança em sua estrutura familiar, saiba que tem para onde correr se o mundo for cruel e que é respeitado por aqueles que ama.

Ao mesmo tempo em que esse estudo é divulgado aparece uma história que aconteceu em 1965, em Winnipeg, Canadá. Os gêmeos Bruce e Brian Reimer passaram por circuncisão e, durante o procedimento, uma falha chamuscou o pênis de Bruce, que necrosou e se desprendeu do corpo. Com isso, seus pais e o médico John Money, resolveram fazer um experimento científico: criar Bruce como menina.

Agora chamada de Brenda, as tentativas para que ela agisse como o esperado por uma garota fracassaram. Ela questionava os papeis de gênero, sua identidade de gênero e ainda sua suposta orientação sexual. Os detalhes da crueldade desse caso podem ser lidos no texto “O experimento psicológico mais cruel da história”.

A única coisa que o tal experimento conseguiu provar é que fatores externos não modificam quem as pessoas são por dentro. Crianças que questionam essas imposições desde pequenas não o fazem por serem incentivadas a isso, mas porque têm espaço e são respeitadas para serem quem realmente são. O caso de Bruce/Brenda, que passou a se chamar David (para se afastar de todo o terror vivido), nos mostra a face mais dolorosa de obrigar uma pessoa a ser quem ela não é e agir de forma diferente daquela desejada. Seja obrigar uma pessoa a esconder ou assumir uma identidade, orientação ou papel de gênero que não lhe é verdadeiro.

Para que crianças de todas as idades sejam aceitas como são é necessário criar um ambiente propício a isso. E chegamos ao terceiro ponto abordado essa semana: como a escola deve lidar com o “diferente”? A Revista Escola abordou o tema em sua capa e os comentários na matéria e o Facebook da publicação só mostram como o caminho para a aceitação e respeito ao próximo será árduo.

Depois de tudo isso, voltamos à pergunta inicial: você prefere um filho gay ou infeliz?

Rate this item
(0 votes)