"Apelo urgentemente às Nações Unidas, à UA e às instituições regionais para que iniciem sanções específicas contra os funcionários ruandeses e os da organização terrorista M23, que estão empenhados em violar a nossa soberania territorial", afirmou terça-feira Tshisekedi num discurso perante diplomatas estrangeiros em Kinshasa, a capital, no Palácio da Nação (sede da presidência congolesa), segundo informou hoje a imprensa local.
"O exército ruandês continua a atuar impunemente e em violação do direito internacional no nosso território, como atestam os relatórios dos grupos de peritos da ONU e as imagens captadas pelos drones da Monusco (Missão de manutenção da paz da ONU na RDCongo) e do exército congolês", declarou o Presidente.
Tshisekedi esclareceu que não entrará em diálogo com o M23 enquanto este ocupar uma parte do território desta nação que faz fronteira com Angola.
"O Governo recorda o seu direito e o seu dever de tomar todas as medidas necessárias para defender a integridade territorial e a soberania do nosso país e para proteger as nossas populações e os seus bens. Ninguém tem o direito de o impedir", concluiu.
O M23 reapareceu em março de 2022 após vários anos de fraca atividade e, em poucos meses, conseguiu ocupar numerosas zonas e locais estratégicos no leste da RDCongo, mas retirou-se de algumas dessas zonas em meados de 2023 sob pressão dos dirigentes da Comunidade da África Oriental (CAO).
No entanto, os combates foram reativados em 01 de outubro de 2023.
Segundo a ONU, mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram das suas casas por medo dos combates.
As suas ofensivas desencadearam uma escalada de tensões entre a RDCongo e o Ruanda devido à alegada colaboração de Kigali com o grupo rebelde, uma alegação que as autoridades ruandesas sempre negaram, embora a ONU o tenha confirmado.
Por sua vez, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de colaborar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses (hutus) exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país de origem.
Esta colaboração foi igualmente confirmada pela ONU.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU no país.