Segunda, 30 de Junho de 2025
Follow Us

Segunda, 30 Junho 2025 13:20

RDCongo: PR celebra acordo de paz com Ruanda como "nova era” mas M23 critica termos

O Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo) afirmou hoje que o acordo de paz com o Ruanda “abre caminho a uma nova era de estabilidade”, embora o grupo rebelde M23 considere que ignora certas causas do conflito.

“Este acordo, assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos nossos dois países numa cerimónia solene presidida pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, (...) abre caminho a uma nova era de estabilidade, cooperação e prosperidade para a nossa nação”, disse Félix Tshisekedi num discurso em vídeo transmitido hoje para assinalar o 65.º aniversário da independência da antiga colónia belga.

O acordo, que Félix Tshisekedi qualificou de “histórico” e que pretende marcar “um ponto de viragem decisivo” para pôr fim ao conflito, “não é apenas um documento, é uma promessa de paz para o povo” do leste da RDCongo, acrescentou o chefe de Estado.

Embora toda a região esteja sob o controlo do M23, o Presidente congolês afirmou a sua vontade de “restabelecer plenamente a autoridade do Estado em todo o território nacional”, estando o M23 mencionado no documento apenas no contexto da mediação de Doha.

Não há qualquer menção aos ganhos territoriais do grupo armado. No entanto, a coordenadora da Aliança do Rio Congo (AFC em francês, que inclui o M23), Corneille Nangaa, advertiu que o pacto “cobre apenas uma pequena parte das verdadeiras causas do conflito” na RDCongo e argumentou que “mentir à opinião pública nacional e internacional dizendo que não há crise na RDCongo e que se trata apenas de um conflito entre Kigali e Kinshasa é um erro inaceitável”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Ruanda e da RDCongo, Olivier Nduhungirehe e Thérèse Kayikwamba Wagner, respetivamente, rubricaram na passada sexta-feira, em Washington, a nível ministerial, o acordo de paz entre os dois países, que entrou imediatamente em vigor e que visa pôr fim a três décadas de tensões.

Entre as disposições incluídas no documento figuram o respeito pela integridade territorial de cada país, a resolução pacífica dos diferendos, a proibição de atos hostis e a proibição de apoio a grupos armados.

Mas o pacto também dá acesso aos Estados Unidos da América a minerais críticos na região, de acordo com o presidente dos EUA, Donald Trump, que disse que os norte-americanos terão “muitos dos direitos minerais no Congo”.

Maior produtor mundial de cobalto, a RDCongo, um país gigantesco na região dos Grandes Lagos, vizinho de Angola, também possui reservas subterrâneas significativas de coltan, um mineral estratégico para a indústria eletrónica.

O leste da RDCongo está mergulhado em conflitos desde 1998, alimentados por milícias rebeldes e pelo exército congolês, apesar da presença da missão da ONU MONUSCO.

Rate this item
(0 votes)