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Terça, 12 Abril 2016 10:31

Mota-Engil retira pessoal das obras em Angola

Redução dos negócios vai levar à transferência de pessoal para a América Latina, à reforma ou a rescisões amigáveis.

O grupo português de construção civil Mota-Engil prepara uma redução significativa de pessoal em Angola, avança o Negócios. A justificar o redimensionamento da estrutura está a redução da atividade causada pela crise e o baixo preço do petróleo. 

Fonte ligada ao processo, citada pelo jornal, avançou que não está previsto qualquer despedimento coletivo, ao contrário do que sucedeu noutras construtoras lusitanas. Em vez disso, alguns dos menos de 400 expatriados serão mobilizados para obras na América Latina – onde a construtora aumentou negócios em mais de 30% no ano passado -, podem ir para a reforma ou aceitar rescisões amigáveis. 

A Mota-Engil já chegou a ter cerca de 700 expatriados no país africano onde mantém ainda algumas obras, porém a quebra de negócios foi abrupta em 2015: -21%, passando de 1.062 para 835 milhões de euros. Na América Latina, em contrapartida, os mercados do México e do Brasil cresceram, respetivamente, 53% e 35% em 2015. O grupo está já presente em sete países do continente, onde detém uma carteira de encomendas que ronda os 2.000 milhões de euros.

O banco de investimento Haitong (ex-BESI) considera a decisão da Mota-Engil “lógica, na medida em que o pedido de assistência financeira feito ao FMI e tornado público na semana passada poderá levar a uma redução no investimento público e, consequentemente, na atividade dos negócios locais”. O banco apontou, ainda, que, em 2015, a unidade Angola da Mota-Engil ainda representou 14% das vendas e 19% do EBITDA da empresa.

Empresas acreditam num futuro melhor com a chegada do FMI

Empresários portugueses acreditam, com alguma expectativa, que o cenário de crise em Angola vai começar a melhorar a partir da chegado do FMI. 

O pedido de ajuda de Angola ao Fundo Monetário Internacional (FMI) está a ser visto de uma forma positiva pelos empresários portugueses. 

Para a maioria, a vinda do FMI pode ser o princípio do fim da crise económica que ali se vive desde o final de 2014 e que fez baixar – e muito – a atividade das empresas portuguesas no país. Há mesmo quem defenda que é “uma oportunidade” para “capitalizar investimentos”. Mas apesar do otimismo, todos eles estão expectantes e cautelosos.

“Tem havido uma redução da atividade e tudo o que puder melhorar isso é bom, por isso vamos ver o que vai acontecer agora. Esta é mais uma fase a que temos de nos adaptar e é isso que temos feito”, disse ao Dinheiro Vivo, o presidente da construtora Mota-Engil, António Mota.

A empresa tem em Angola um dos seus principais mercados e tem sentido uma quebra na atividade, que tem conseguido compensar com outros mercados, como a América Latina. Mas não desiste do país. “Estamos em Angola há 60 anos e vamos estar por mais 60”, acrescentou.

A Teixeira Duarte, outra das construtoras portuguesas com uma ligação histórica a Angola, também está tranquila e garante que não será por isso que abandonará o barco. “Ainda não é concreto o que vai ser esta ajuda do FMI e por isso vamos acompanhar com muita atenção, porque estamos lá desde 1978, é um mercado muito importante e temos lá muitas pessoas. Não basta uma medida apenas para tudo mudar de um dia para o outro, mas vemos com satisfação que haja vontade em melhorar a situação de crise em que o país está”, disse o porta-voz da empresa, José Cobra Ferreira.

Adaptar é a palavra de ordem. As empresas de metalurgia e metalomecânica sabem-no bem. Também elas estão a recorrer aos mercados da América Latina para compensar as quebras das vendas para a Angola. O México é um exemplo disso, disse o vice-presidente da Associação dos Industriais de Metalurgia e Metalomecânica (AIMMAP), Rafael Campos Pereira. Mas também a Argélia e o Médio Oriente.

Para este responsável, a entrada do FMI “não é dramática”, ainda que esteja mais pessimista que outros empresários, dado que antecipa mais saídas das empresas portuguesas de Angola e uma quebra ainda maior das vendas no curto prazo. E as exportações já tinham caído para metade em 2015, acrescenta. Uma situação que não é nada boa para um sector que tem Angola como o sexto ou sétimo mercado.

Contudo, concorda que “a injeção de capital vai servir para disciplinar finanças e pagar dívidas” e até pode, no futuro, “obrigar Angola a reestruturar a economia, a depender menos do petróleo e a apostar na produção e na criação de uma indústria”. O que seria positivo para as empresas deste sector que poderia vender máquinas e construir naves industriais.

Dinheiro Vivo

 

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