A decisão resultou da última reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real, do Conselho de Ministros angolano, e foi transmitida pelo governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, reconhecendo que os bancos não têm tido capacidade para satisfazer a procura de divisas.
No final da reunião, na quinta-feira, o Governador reconheceu que a redução de 30 por cento na injeção de divisas por parte do BNA na banca comercial, que se regista desde o início do ano, por comparação com 2014, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, está a refletir-se na atividade empresarial do país.
"O BNA recebeu mandato [do Governo] para tomar as medidas necessárias para descomprimir, na medida do possível, esta pressão ao nível do mercado cambial, para evitarmos situações de roturas de 'stock', para resolvermos alguns problemas que se começam a colocar com grande acuidade a nível dos operadores económicos", apontou o governador, em declarações aos jornalistas.
Com a redução das receitas do petróleo, situação que se vem a agravar desde outubro, também a entrada de divisas (dólares) no país está em queda, complicando as necessidades de moeda estrangeira que Angola tem para garantir as importações, de alimentos a matéria-prima e máquinas.
Alguns empresários admitiram nas últimas semanas a possibilidade de pararem a produção devido à falta de matéria-prima, tendo em conta os atrasos nos pagamentos de faturas internacionais, dependentes da disponibilização de divisas.
"Isto logicamente tem provocado uma grande pressão ao nível do mercado cambial, filas de espera de muito tempo por parte dos operadores económicos que querem fazer pagamentos ao exterior", disse ainda José Pedro de Morais Júnior.
Depois das restrições à injeção de divisas, devido à projeção inicial macroeconómica devido à quebra na cotação do barril de crude no mercado inicial, o governador diz que o BNA tem hoje "elementos para flexibilizar esta gestão", apontando para breve o anúncio de novas medidas.
Angola orçamentou na revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015 o petróleo para exportação a 40 dólares por barril, quando essa cotação estabilizou acima dos 60 dólares.
A injeção semanal de divisas cifrou-se em maio em 300 milhões de dólares (275 milhões de euros), valor que deverá aumentar, passando os bancos a ter acesso a três leilões de divisas semanais pelo BNA, face aos atuais dois, com a instituição a querer canalizar a procura no mercado informal - que fez disparar a taxa de câmbio, dada a falta de capacidade dos bancos para dar resposta - para as casas de câmbio e instituições bancárias.
"Com as medidas que vamos tomar, cremos que a situação se vai começar a resolver paulatinamente", disse o governador.
A atual crise cambial já levou o dólar a valorizar-se mais de 12% nos últimos sete meses, face ao kwanza, com José Pedro de Morais Júnior a reconhecer um "impacto significativo ao nível dos preços", dada a "excessiva dependência" de importações por parte da economia angolana, mas ainda dentro dos limites (9%) da inflação prevista pelo Governo para este ano.
LUSA