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Segunda, 01 Junho 2015 09:17

BNA injeta mais 30% de divisas na banca angolana numa semana

O Banco Nacional de Angola (BNA) aumentou na última semana o volume da venda de divisas à banca comercial angolana em mais de 30 por cento, para 400 milhões de dólares (366 milhões de euros).

A medida está em linha com o anúncio feito na quinta-feira pelo governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, sobre o aumento do número de leilões semanais de divisas à banca comercial, uma das medidas previstas, por instrução do Governo, para "descomprimir" a atual crise cambial no país.

A decisão resultou da última reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real, do Conselho de Ministros angolano, e foi transmitida pelo governador do banco central, reconhecendo que os bancos comerciais não têm tido capacidade para satisfazer a procura de divisas.

De acordo com o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, as vendas de divisas entre 25 a 29 de maio foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 110,868 kwanzas (92 cêntimos de euro) por cada dólar, renovando máximos de vários meses.

Nas três semanas anteriores, estas vendas cifraram-se sempre em 300 milhões de dólares (275 milhões de euros), de acordo com dados do BNA compilados pela Lusa.

O Governador do banco central reconheceu que a redução de 30% por cento na injeção de divisas por parte do BNA na banca comercial, que se regista desde o início do ano, por comparação com 2014, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, está a refletir-se na atividade empresarial do país.

"O BNA recebeu mandato [do Governo] para tomar as medidas necessárias para descomprimir, na medida do possível, esta pressão ao nível do mercado cambial, para evitarmos situações de roturas de 'stock', para resolvermos alguns problemas que se começam a colocar com grande acuidade a nível dos operadores económicos", apontou José Pedro de Morais Júnior.

Com a redução das receitas do petróleo, situação que se vem a agravar desde outubro, também a entrada de divisas (dólares) no país está em queda, complicando as necessidades de moeda estrangeira que Angola tem para garantir as importações, de alimentos a matéria-prima e máquinas.

Alguns empresários admitiram nas últimas semanas a possibilidade de pararem a produção devido à falta de matéria-prima, tendo em conta os atrasos nos pagamentos de faturas internacionais, dependentes da disponibilização de divisas.

Depois das restrições à injeção de divisas, devido à projeção inicial macroeconómica devido à quebra na cotação do barril de crude no mercado inicial, o governador diz que o BNA tem hoje "elementos para flexibilizar esta gestão", passando pelo aumento de dois para três leilões semanais, para regularizar o fluxo de divisas à banca comercial.

"Com as medidas que vamos tomar, cremos que a situação se vai começar a resolver paulatinamente", disse o governador.

A atual crise cambial já levou o dólar a valorizar-se mais de 12% nos últimos sete meses, face ao kwanza, com José Pedro de Morais Júnior a reconhecer um "impacto significativo ao nível dos preços", dada a "excessiva dependência" de importações por parte da economia angolana, mas ainda dentro dos limites (9%) da inflação prevista pelo Governo para este ano.

Lusa

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