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Sexta, 01 Mai 2015 15:32

Angolanos fazem fila nas bombas à procura de combustíveis ainda sem aumentos

Centenas de automobilistas angolanos fazem fila hoje junto aos postos de abastecimento de Luanda que ainda não atualizaram os preços da gasolina e do gasóleo, após os aumentos, decretados, superiores a 25 por cento.

Numa ronda feita pela agência Lusa, durante a manhã, vários postos da cidade de Luanda apresentavam filas consideráveis de automobilistas, vendendo os combustíveis ainda com os preços anteriores, de 90 kwanzas (75 cêntimos de euros) no litro de gasolina e de 60 kwanzas (50 cêntimos) no gasóleo.

Por contraste, outros postos das mesmas marcas, como da Sonangol ou da participada pela portuguesa Galp, ostentavam, logo ao lado, os novos preços, em vigor desde as 23:00 de quinta-feira, mas permanecendo totalmente desertos, com a gasolina vendida a quase um euro por litro.

Os combustíveis subiram em Angola novamente, passando a gasolina a ser vendida em regime de preço livre, até 96 cêntimos de euro por litro, conforme avançou à Lusa, na noite de quinta-feira, fonte do Ministério das Finanças.

A medida entrou em vigor às 23:00 e resulta de novo corte nas subvenções públicas ao preço dos combustíveis, sendo justificada pelo Governo com a "conjuntura da economia nacional e global", pela necessidade de aplicar "políticas centradas na promoção do crescimento económico" e de criar "condições básicas" à execução dos principias projetos nacionais, tendo em conta a atual crise do cotação do petróleo.

Desde setembro de 2014 este é já o terceiro aumento nos combustíveis - em Angola os preços são fixados pelo Governo -, que estavam inalterados desde 2010. Nos últimos sete meses, o preço do litro de gasolina subiu 91%, enquanto o do gasóleo aumentou 125%.

Através do decreto executivo 235/15, de 30 de abril, assinado pelo ministro das Finanças, Armando Manuel, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) Distribuidora foi agora autorizada a aumentar o preço do gasóleo em 25%, do petróleo iluminante em 29% e do gás doméstico em 22%, enquanto a gasolina (que passa a regime de preço livre) pode aumentar no máximo 27%.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, garantindo 1,8 milhões de barris por dia, mas devido à falta de capacidade nacional de refinação, o país precisa de importar grande parte dos combustíveis de consumo.

Em contrapartida, este processo é subsidiado por apoios públicos, de forma a manter os preços de venda artificialmente baixos, mas com custos acima dos 3,5 mil milhões de euros por ano.

Contudo, devido à crise da cotação internacional do petróleo, que entretanto obrigou à revisão do Orçamento Geral do Estado para 2015 e ao corte de um terço das despesas públicas, o Governo já previa poupar mais de 870 milhões de euros nesses apoios, durante este ano.

Com esta nova subida dos combustíveis, o executivo afirma o propósito de "aumentar a qualidade da despesa pública", em linha com recomendações recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

Na nova tabela dos combustíveis, a gasolina passa a ter um custo máximo, por litro, de 115 kwanzas (96 cêntimos de euro), mas "cessando o ónus do Estado no custeio das subvenções", cabendo à Sonangol a determinação do preço, explica o Ministério das Finanças.

Apesar da subida, o preço do litro do gasóleo, de 75 kwanzas (60 cêntimos), continua a ser subsidiado pelo Estado em 21,06%. Já o quilograma do gás doméstico, que passa a custar 55 kwanzas (46 cêntimos de euro) mantém uma subvenção pública de 67,15% do preço e o litro de petróleo iluminante, que passa a ser vendido a 45 kwanzas (37 cêntimos) de 44,41%.

LUSA

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