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Quinta, 26 Fevereiro 2015 08:39

Isabel no centro do furacão

Américo Amorim, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, Artur Santos Silva e Fernando Ulrich sabem do que falo e Paulo Azevedo, pelos vistos, também, e agora será a vez de Ignacio Álvarez-Rendueles, pelos espanhóis do La Caixa.

Estes empresários e gestores têm em comum o facto de se cruzarem nos negócios com Isabel dos Santos, o que, já se viu, é tudo menos fácil.

A empresária angolana tem vários investimentos em Portugal, que passam por parcerias com grupos nacionais, e os factos mostram-nos quão exímia tem sido na defesa dos seus interesses.

Se não vejamos. Isabel dos Santos controla em Portugal, com Fernando Teles, o Banco BIC. Esta instituição nasceu de uma aliança com Américo Amorim, mas recentemente o empresário português vendeu a sua posição.

Algumas notícias deram conta de desentendimentos que, segundo dizem, se estendem também à Galp. A petrolífera é controlada pela Amorim Energia, na qual, mais uma vez, se juntam Isabel dos Santos e Américo Amorim. A vontade angolana terá sido estancada, até aqui, por um acordo parassocial que protege Amorim das investidas de Isabel dos Santos, não se sabe até quando.

Agora, as telecomunicações. Isabel dos Santos e a PT são sócias na Unitel e há anos que existe um diferendo sobre uma dívida desta operadora à PT no montante de 245 milhões de euros, por dividendos não pagos. Até hoje, Isabel dos Santos não pagou .

Mesmo durante a fusão entre a PT e a Oi a empresária chegou a dar o ar da sua graça através do anúncio de uma OPA, que acabou, porém, por não sair do papel. Neste setor, Isabel dos Santos tem ainda uma parceria com um outro grande grupo português, a Sonae. A fusão entre a Zon e a Optimus, que deu origem à NOS, também não foi simples, mas a tensão parece surgir agora num outro negócio que une os mesmos parceiros - a abertura de hipermercados Continente em Angola.

O grupo liderado por Paulo Azevedo veio criticar, em voz alta, a saída de dois dos seus altos quadros por, alegadamente, se terem passado para o grupo de Isabel dos Santos. A aliança para os hipermercados em Angola foi feita em 2011, mas quatro anos depois ainda não há um Continente naquele país. Isabel dos Santos também tem interesses no setor da distribuição em Angola.

E basta. A agressividade negocial de Isabel dos Santos deve ser, por tudo isto, a grande preocupação do La Caixa e de Ignacio Álvarez-Rendueles, o pivot dos espanhóis para as negociações necessárias no âmbito da OPA sobre o BPI. A empresária tem mais do que uma palavra a dizer no negócio e pode, assim, comprometer o êxito da oferta espanhola, a tentativa de compra do Novo Banco pelo BPI, bem como outras ambições que o La Caixa possa ter para Portugal. É obra. Ela está onde menos se espera.

Dinheiro Vivo

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