O escritor acredita que os 17 activistas não cumprirão a totalidade da pena a que foram condenados e que acabarão libertados "em breve".
"Ou porque o regime não se sustenta - acho que o regime não está de boa saúde - ou porque o regime os liberta", defende Agualusa, peremptório: "Não acredito que fiquem muito mais tempo. Continuo a não acreditar nisso. Mal seria se cumprissem (a pena toda). Seria muito mau para eles, para as famílias e um mau sinal para Angola", diz o escritor.
Em declarações à agência Lusa, o autor manifesta-se "surpreendido" com o facto de o processo dos activistas, que cumprem penas entre os dois anos e três meses e os oito anos e seis meses, se ter arrastado.
"Continua a surpreender-me que este processo se tenha prolongado por tanto tempo, que eles tenham sido condenados e com penas tão pesadas. Tudo isto me parece surpreendente, tendo em atenção a injustiça flagrante de todo o processo, a perturbação que causa ao conjunto da sociedade angolana e pelo próprio regime não sair em nada beneficiado deste processo, muito pelo contrário", diz o escritor.
"É difícil compreender, não se compreende esta atitude do regime. No dia em que foram presos, pensei que iriam ficar detidos dois ou três dias, como já tinha acontecido antes. À medida que este processo se foi prolongando, fui ficando cada vez mais inquieto, porque o que isto demonstra é não só o endurecimento do regime, mas também uma ausência de inteligência e é difícil dialogar com um regime que não demonstra inteligência, nem sequer para a sua própria continuidade", sustentou.
A 20 de junho de 2015, uma operação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) fez em Luanda as primeiras detenções deste processo, que mais tarde ficaria conhecido como "15+2", em alusão aos 15 activistas que ficaram meio ano em prisão preventiva e às duas jovens que aguardaram o julgamento em liberdade, constituídas arguidas em Setembro.
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