Luaty Beirão, o músico luso-angolano que esteve detido preventivamente durante meio ano, está convencido que será condenado pelo tribunal que julga 17 arguidos acusados de organizarem uma rebelião e conspirarem contra o Estado.
Em entrevista à TSF, Luaty Beirão, que aguarda pela sentença em prisão domiciliária, explica que já começou a preparar a família para uma condenação ou até mesmo para a prisão imediata pois está convencido que a decisão não depende dos juízes mas sim do governo angolano.
O luso-angolano fala em "falcatruas e numa justiça de brincadeira", sublinhando que mesmo no final do julgamento o Ministério Público deixou cair um dos crimes de que estavam acusados, atentado contra o presidente José Eduardo dos Santos, mas acrescentou um novo crime: 'associação de malfeitores', o que em Portugal equivaleria a 'associação criminosa'.
Luaty Beirão explica que a acusação de 'associação de malfeitores' pode levar, no máximo, a uma pena de 12 anos de prisão.
Beirão diz que esta nova acusação volta a ser "ridícula" e seria de rir se não estivéssemos a falar da condenação de pessoas inocentes.
Como espera "o pior" e defende que a lei em Angola "é a vontade arbitrária de quem manda", o músico conta que já preparou a família e os amigos para a condenação.
O ativista sublinha que mesmo que a condenação seja uma pena suspensa isso vai limitar a liberdade de expressão dos ativistas que terão medo de voltar a contestar o regime.
Apesar de ser certo que os ativistas vão apresentar um recurso se forem condenados, Luaty Beirão teme que a sentença desta segunda-feira os leve de imediato para a prisão, apesar de ser algo que não está previsto na lei.
A leitura dos quesitos, os argumentos do processo, está agendada para as 10:00, na 14.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, no Benfica, esperando-se em seguida a divulgação da sentença.
TSF