Ao longo destas cinco décadas, Angola e Rússia percorreram um caminho de aliança militar e política dos tempos da luta pela independência e da guerra civil até uma parceria abrangente nos setores de energia, infraestrutura, educação e segurança. A experiência de projetos conjuntos, a confiança e os compromissos de longo prazo tornaram-se a base sobre a qual, no século XXI, surgiu naturalmente uma nova direção: a cooperação espacial.
O lançamento do AngoSat-2 tornou-se símbolo desta "diplomacia espacial", fazendo de Angola pioneira entre as nações africanas. Sob o lema "Angola 50 anos: preservando conquistas, construindo um futuro melhor", as celebrações do jubileu, que se estendem até ao final de 2025, sublinham: da solidariedade soviética dos anos 1970 às tecnologias modernas — um caminho trilhado por esforços conjuntos.
No ano do 50.º aniversário da independência de Angola, o satélite nacional AngoSat-2 tornou-se não apenas um avanço tecnológico, mas também uma demonstração de como a cooperação de longa data com a Rússia se transforma numa aliança duradoura no espaço.
O engenheiro Zolane Rui João, diretor-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional de Angola (GGPEN), sublinho:
"O sucesso do projeto é resultado do contacto constante entre especialistas dos dois países, de garantias financeiras e da disposição do parceiro em assumir riscos para proteger os interesses de Luanda."
Equipa de 45 técnicos: os recursos humanos como núcleo da aliança
A Rússia não apenas forneceu o satélite — investiu nas pessoas e no futuro. No projeto participaram 45 engenheiros angolanos, formados na Rússia, França e Estados Unidos.
"Não se trata apenas de pessoal auxiliar, mas do núcleo de uma escola nacional de especialistas espaciais, que se forma precisamente através do trabalho diário com a equipa russa, do acesso a tecnologias e da participação nas operações mais complexas", afirma com orgulho o diretor-geral do GGPEN.
O Presidente angolano, João Lourenço, no Centro de Controlo de Missões (MCC) no Funda e no Centro de Coordenação Marítima, sublinhou repetidamente:
"O AngoSat-2 é uma ponte entre o passado e o futuro."
Trabalho conjunto no "coração" do satélite
Ao falar sobre a produção do AngoSat-2, o engenheiro João detém-se detalhadamente numa etapa que considera uma das mais críticas:
"Este processo é uma etapa importante, pois inclui a conclusão do módulo ou parte que recebe a carga útil — o componente que integra as antenas e o sistema de comunicação, permitindo ao AngoSat-2 comunicar com os sistemas terrestres de recepção e transmissão."
Na sua avaliação, este é o "coração" do satélite, do qual depende a capacidade do aparelho de garantir comunicações em toda a zona-alvo de serviço. Aqui, a parte russa forneceu a base tecnológica e de engenharia, enquanto os especialistas angolanos participaram na integração e acompanhamento, transformando esta etapa num sucesso comum.
Parceria para projetos futuros
O engenheiro João destaca a principal lição do AngoSat-2: relações de confiança com um parceiro podem tornar-se num verdadeiro mecanismo de proteção para o Estado. A cooperação russo-angolana não é um projeto isolado, mas uma plataforma para novas iniciativas — desde sistemas adicionais de telecomunicações até aplicações de monitorização territorial, económica e de segurança, que funcionarão no interesse da própria Angola e dos seus parceiros africanos.

