O secretário para a organização sindical do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Bebidas e Similares, José Rufino, referiu que 3.520 trabalhadores das províncias de Luanda, Benguela, Huíla, Cabinda e Huambo, do grupo Castel, que se apresenta como um dos maiores grupos cervejeiros de África, aprovaram em assembleia-geral de trabalhadores, a decisão de uma greve entre os dias 17 e 19 de novembro.
Segundo José Rufino, um caderno reivindicativo foi submetido à entidade patronal, mas toda a tentativa de diálogo redundou em fracasso, frisando que “o patrão manteve-se inflexível”.
O sindicalista salientou que a comissão negociadora chegou a baixar de 28% para 24% a exigência do ajuste salarial reivindicado, mas “o patrão foi mantendo o mesmo posicionamento”, impondo negociações sobre 18%.
“O patrão diz que daí não sai, se quiséssemos negociar tinha que ser dentro daquele parâmetro.
Como as assembleias são soberanas (…) voltámos a ouvir os trabalhadores, na sexta-feira passada, e foi declarada greve”, referiu. De acordo com José Rufino, com exceção de uma empresa do grupo, que optou por continuar a negociar, as restantes decidiram pela declaração de greve.
“A greve não é uma coisa boa para nós, não é para ninguém, não estamos satisfeitos por declarar a greve, daí nós mantermos abertura ao diálogo (…) dado o impacto que essa declaração de greve impõe por se tratar de um grande grupo empresarial espalhado pelo país”, frisou.
Além do aumento salarial, os trabalhadores reclamam a manutenção de direitos adquiridos, uma revisão pontual da grelha salarial e outros aspetos elencados no caderno reivindicativo de 19 pontos, dos quais nenhum foi ainda atendido.
Para os três dias de greve vão estar garantidos os serviços mínimos, para manter a estabilização da empresa e das áreas sensíveis, mantendo a sala de máquinas, de fermentação, laboratório, posto médico, higiene e segurança do trabalho, entre outras.
“Vamos esperar que haja abertura [por parte da entidade patronal], nós estamos abertos ao diálogo, mas não podemos descurar das nossas reivindicações, são legítimas e temos mandato das assembleias das quais nós não podemos descurar”, enfatizou.
O grupo Castel começou a operar em Angola em 1994 quando reabilitou e iniciou a gestão da Fábrica da Cuca, tendo em 2004 com o seu crescimento no território nacional inaugurado a Fábrica da SOBA em Benguela (Catumbela), assumindo, em 2005, a gestão da Fábrica da NOCAL SA aumentando o seu portfólio.
O histórico do grupo, apresentado na sua página da internet, indica que com a expansão dos seus negócios começou a gerir também a Fábrica da EKA SA, passando a deter deste modo todas as principais marcas de cerveja nacionais.
“Reforçando a sua posição a nível nacional foi inaugurada em Cabinda a fábrica da CERBAB em 2008 e no mesmo ano a fábrica da COBEJE, ambas construídas de raiz, para depois reforçar a sua presença na zona sul de Angola em 2009 assumindo a gestão da fábrica da Nocebo”, lê-se no histórico do grupo Castel.

