Quinta, 25 de Setembro de 2025
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Quinta, 25 Setembro 2025 16:06

Pedido de ‘habeas corpus’ para líder de taxistas sem resposta há mais de um mês - advogado

O advogado do líder da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), Francisco Paciente, denunciou hoje que espera há mais de um mês pela resposta ao pedido de “habeas corpus” que apresentou para o seu cliente.

Francisco Paciente foi detido no dia 08 de agosto deste ano, segundo o Serviço de Investigação Criminal (SIC) por indícios da prática dos crimes de associação criminosa, incitação à violência, atentado contra a segurança dos transportes e terrorismo, após os tumultos ocorridos durante uma paralisação de taxistas no final de julho.

Em declarações à Lusa, Laurindo Sahana, advogado do líder da ANATA, disse que o seu constituinte continua em prisão preventiva decretada pelo juiz das garantias, “apesar das irregularidades constatadas durante a sua detenção e em todo o processo”.

O defensor adiantou que submeteu ao gabinete do juiz da Comarca de Luanda um pedido de ‘habeas corpus’, três dias depois da detenção do seu cliente, mas a situação continua “estacionária”, apesar de a lei conferir cinco dias para a resposta.

Laurindo Sahana sublinhou que o seu cliente foi detido sem lhe apresentarem um mandado de detenção, o que torna a sua detenção “irregular e ilegal”.

Um ‘habeas corpus’ é uma medida jurídica excecional com o propósito de defesa de direitos fundamentais, nomeadamente o direito à liberdade. O líder da ANATA foi detido depois de uma greve decretada por associações e cooperativas de táxis, no final do mês de julho, para protestar contra a subida dos preços dos combustíveis e das tarifas dos transportes públicos.

A paralisação entre 28 e 30 de julho ficou marcada por tumultos e atos de pilhagem, que provocaram, de acordo com as autoridades, 30 mortos, mais de 200 feridos e 1.500 detenções, afetando as províncias de Luanda, capital angolana, Benguela, Huíla, Bengo, Icolo e Bengo, Huambo e Lunda Norte.

Na mesma altura, as autoridades angolanas detiveram também outros líderes de associações de taxistas, jornalistas, entre outros cidadãos angolanos, bem como dois russos que continuam detidos, segundo o porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Álvaro João.

O responsável declinou avançar mais informações, porque “o processo está em fase de segredo de justiça”. Os dois cidadãos russos encontram-se presos preventivamente suspeitos dos crimes de associação criminosa, falsificação de documentos, terrorismo e financiamento ao terrorismo.

De acordo com a nota do SIC, divulgada na altura, as investigações determinaram que os cidadãos russos são operacionais da organização Africa Politology, que visa alegadamente promover campanhas de desinformação, manipulação da media local e infiltração em processos políticos, fomentando a subversão.

Os russos terão igualmente, segundo o SIC, entregado “avultadas somas de dinheiro, em moeda nacional e estrangeira, a jornalistas, políticos, associações profissionais e produtores de conteúdos digitais para dar suporte à sua ação”.

A investigação apurou ainda, prossegue o SIC, que a organização Africa Politology não atua apenas com propaganda digital e notícias falsas, mas “financia manifestações encenadas, corrompe jornalistas locais e molda narrativa pública a favor dos seus interesses estratégicos”.

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