Quarta, 10 de Setembro de 2025
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Quarta, 10 Setembro 2025 16:46

Estabilização social é o maior desafio de Angola - CEDESA

O Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social de Angola (CEDESA) considerou hoje que "a estabilização social é, talvez, o maior desafio transversal" de Angola, defendendo a necessidade de "romper com velhos vícios".

"A estabilização social é, talvez, o maior desafio transversal; o desemprego juvenil continua elevado, rondando os 32%, o que exige políticas mais eficazes de integração no mercado de trabalho; os investimentos em infraestruturas, energia, mineração e educação têm potencial para gerar milhares de postos de trabalho, mas é necessário garantir que esses empregos sejam sustentáveis e distribuídos de forma equitativa", lê-se na mais recente análise à economia angolana.

No documento, o CEDESA, uma rede de investigadores dedicada ao estudo e investigação sobre Angola, afirma que o país tem de "garantir que todos os cidadãos tenham acesso equitativo à educação, à habitação, à água potável e à energia".

Isso, continua, deve ser garantido através de "uma governação tecnicamente competente, não clientelar, aberta à inovação e ao escrutínio público, e capaz de servir o povo com transparência e responsabilidade".

O futuro de Angola, acrescentam os investigadores, "dependerá da capacidade de romper com velhos vícios, enfrentar os desafios com realismo e determinação, e cultivar uma cultura política que valorize o mérito, a participação democrática e a justiça social".

Na análise ao andamento da economia angolana nos últimos anos, o CEDESA considera que "na política, os sinais de instabilidade e incerteza abundam pela indefinição da sucessão de João Lourenço [Presidente de Angola] na liderança do MPLA e do país, e pela força renovada das oposições que se sentem a um passo de tomar o poder".

Já na economia, prossegue, "há sinais mistos, apresentando-se a conjuntura pessimista, mas havendo a concretização de projetos infraestruturais de relevo, que procuram contrabalançar a negatividade conjuntural, e na ordem social, a sensação de anarquia e permanente descontentamento é a predominante".

O texto critica a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) nas várias intervenções no país, salientando que "a receita que o FMI apresenta não muda e não resolve nada" e exemplificando que "o Fundo continua a apostar na redução da despesa pública e critica o adiamento da reforma dos subsídios aos combustíveis para 2028 — uma medida que representa cerca de 2,5% do PIB em encargos anuais".

O governo também é bastante criticado no documento: "Apesar dos discursos políticos de reforma económica, o governo não conseguiu diversificar acentuadamente a economia, nem confrontou a questão da dívida chinesa, limitando-se a pagá-la com sacrifício do bem-estar do país".

Ainda assim, o CEDESA reconhece aspetos positivos nos últimos anos, elencando as alterações legislativas na política energética, no setor mineiro, na área financeira, na saúde e na educação, bem como nas infraestruturas, em particular no corredor do Lobito.

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