Em entrevista à Lusa, em Luanda, o tenente-general John W. Brennan, subcomandante do AFRICOM, afirmou que a organização vai prosseguir as suas atividades no continente africano, porque a administração do Presidente norte-americano já manifestou interesse em continuar a travar as "redes terroristas" em África.
De visita a Luanda, onde se deslocou no âmbito do reforço da cooperação com Angola no domínio militar, o oficial superior das forças armadas norte-americanas referiu que o ministro da Defesa do Governo dos EUA manifestou um claro interesse em manter a atividade do AFRICOM.
"Estamos a trabalhar para ter mais parcerias no continente e poder gerir em união estas futuras crises que possam acontecer. Além disso, na nova administração há mais um discurso sobre o desenvolvimento económico do país, porque, na verdade, o que a nova administração quer é uma África segura e próspera e isso faz parte da missão do AFRICOM", disse John W. Brennan.
"Neste momento, não há qualquer dúvida da continuidade do AFRICOM", sublinhou, assegurando que o comando, que conta atualmente com cerca de 5.000 militares em toda África, vai continuar a garantir a segurança nacional a nível dos Estados africanos.
Responsáveis do AFRICOM trabalham em Luanda visando o reforço da cooperação militar e formação de tropas especiais, sinalizou o tenente-general norte-americano, perspetivando explorar novas áreas de cooperação no domínio da segurança com o Governo de Angola.
"O primeiro objetivo desta visita é conseguirmos explorar mais formas de cooperação militar entre os Estados Unidos e Angola, tem havido uma crescente cooperação entre os dois países nos últimos anos e estamos ansiosos para encontrar outras formas de expandir esta relação", disse.
De acordo com John W. Brennan, forças especiais norte-americanas e angolanas realizaram na quarta-feira, na região de Cabo Ledo, em Luanda, o quinto exercício militar conjunto, desde 2022, uma ação que potencia a parceria entre ambos os países.
Para o oficial superior dos EUA, a segurança constitui o principal ganho para Angola, no âmbito das ações conjuntas com o AFRICOM, observando que, "investindo na segurança, [se está] a investir no desenvolvimento económico de Angola".
"E, por sua, vez assegurar também os investimentos dos EUA em Angola (...). Oferecendo a Angola exercícios de complexidade superior faz com que Angola também melhore as suas capacidades em termos de segurança, então todos estes exercícios que nós fazemos em África são liderados pelos [dois] Estados", notou.
Sobre uma possível base militar dos EUA em Angola, o subcomandante do AFRICOM disse que não consta dos planos da organização, salientando que a base do comando continua ativa na Alemanha, sobretudo devido a logística operacional a nível da Europa.
Em relação aos atuais desafios do AFRICOM no continente, o responsável apontou a garantia da segurança dos Estados africanos: "E uma dessas componentes é conseguir evitar os grupos terroristas que podem ameaçar a segurança dos EUA".
Questionado se a presença da Rússia e da China em África fragilizam as ações do AFRICOM, John W. Brennan salientou que a única base militar externa do território chinês em África está no Djibuti.
Em relação à Rússia, disse que esta "faz operações militares através de empresas privadas em África".
Brennan acusou ambos os países de recorrerem a "informação falaciosa" e a "propaganda" para "manchar" a imagem dos EUA no continente africano.
Reafirmou que as relações entre os EUA e Angola estão melhores, salientando que o país africano lusófono constitui um espaço para investimentos contínuos e assegurando ações para que angolanos e africanos tenham oportunidades para resolverem os seus problemas internos.
Por sua vez, o embaixador Robert Scott, comandante adjunto para o Envolvimento Cívico-Militar do AFRICOM, enalteceu as relações bilaterais entre Angola e os EUA, potenciadas com investimentos norte-americanos no Corredor do Lobito, tendo referido que a segurança garante prosperidade.
Empresas norte-americanas, observou o diplomata, estão agora mais interessadas em investir em Angola "porque é mais estável e os militares estão a trabalhar para manter a região e garantir estabilidade (...) e isso cria um ambiente propício para investidores", concluiu.