A decisão tomada um dia antes mediante carta endereçada a Mosaiko, foi transmitida na sexta-feira aos convidados do programa por telefone, pelo próprio frei Mário Rui, responsável da organização incumbida de realizar o programa semanalmente.
Na quinta-feira entretanto, Maria Júlia, da equipa de realização do programa tinha telefonado aos convidados, reconfirmando o encontro.
Recorde-se que na semana anterior, com os convidados á porta da rádio, o Padre, mandou suspender o mesmo programa, justificando o facto com o momento de luto vivido pela diocese de Luanda, por causa da morte de D. Franklim Damião, Arcebispo de Luanda e Vice-presidente da CEAST. O recado do Padre-director foi enviado a apresentadora do programa, através dum operador de serviço nos estúdios.
Na altura não tinha sido anunciado o âmbito do luto, entretanto decretado para vigorar durante uma semana.
As razões do Pe. Kandanji
A decisão foi levada ao conhecimento da Mosaiko através dum documento da rádio, assinado e carimbado.
Sobre o programa não emitido o Padre Quintino confirmou a suspensão. No contacto que mantido, o director alegou que o formato pretendido pelos realizadores feriria os princípios acordados entre as partes, que é a rádio e o Mosaiko.
O Padre Kandanji não especificou que princípios eram, mas deixou transparecer no decurso da conversa, que desconfiava das reais motivações da realização daquela mesa redonda, destacando a composição dos convidados que segundo ele, tinhava potencial para degenerar num debate, requerendo por esta razão mais cautelas.
O MISA-Angola está informado das iniciativas tomadas pela realização do programa em convidar distintos outros participantes, mas que não responderam tempestivamente.
“O espaço de rádio atribuído a Mosaiko não é de debates, mas de apresentação de programas educativos” disse, uma semana após ter usado o óbito como justificação.
Por seu lado o responsável do Mosaiko, perguntado sobre o que haveria de fazer, foi peremptório: “nada”. Seria uma perda de tempo e também dar visibilidade ao sucedido. “Não ganhamos nada. Seria dar um peso desnecessário. Vamos continuar a explorar esta ínfima oportunidade que nos resta, para educar, num contexto conturbado como este que estamos a viver” disse.
Á pergunta, porque razão o programa “Construindo Cidadania” tinha deixado de ser gravado e passado a ser produzido em directo, razão que alimentava também de desconfianças o director da rádio, Mário Rui disse que era apenas uma excepção. “A pessoa com quem trabalhamos de momento tem outras ocupações” ... referindo-se a Margareth Nanga. “Estamos a dar formação a uma outra jovem...E em breve retomaremos o formato antigo de produção e entrega dos programas ás quintas-feiras.”
Sob a égide do Mosaiko, organização de defesa dos direitos humanos, desde 2004 o programa “Construindo Cidadania” vai para o ar sem que alguma perturbação fosse registada neste decurso de tempo. Esta semana debateria o tema “Liberdade de Imprensa”. Foram convidados o jornalista Reginaldo Silva, membro do Conselho Nacional da Comunicação Social, Cândido Teixeira do Sindicato dos Jornalistas, e Alexandre Neto Solombe do MISA-Angola.
Há dois anos que a direcção da rádio Ecclesia tenta implementar reformas, através de medidas que incluem o ajustamento do seu efectivo, despedimentos de pessoal trabalhador, encerramento de programas, censura e exclusão de interlocutores críticos.
“Pretendemos que a rádio retome a sua vocação eclesial” disse recentemente o Pe. Kandanji no encontro que manteve com uma delegação do MISA.
MISA-Angola