Após lotarem por completo, desde as primeiras horas de hoje, o estacionamento do Centro de Conferências de Belas (CCB), ao município do Talatona, sul de Luanda, o débil cordão de segurança facilitou a "invasão" de jovens às exposições, quando a ministra da Juventude e Desportos angolana, Ana Paula Sacramento, visitava os stands.
Com currículos nos braços e convictos em conseguirem pelo menos um lugar entre as mais de 100 oportunidades de emprego, formação profissional, estágios ou uma bolsa de estudos, a presença maciça de jovens "surpreendeu" a organização e o reduzido número de efetivos da polícia no local.
A entrada simultânea dos milhares de jovens originou a queda de muitas pessoas, que foram pisadas, provocando vários desmaios, gritos e choros, havendo quem não escapou de ferimentos ligeiros.
Pessoas deitadas ao chão, dezenas de currículos amassados, óculos partidos, peças de calçado, perucas e até manchas de sangue compunham o cenário junto à entrada principal da tenda da FOEEFP, com pessoas a pedir ajuda.
Para os jovens, a responsabilidade pela situação vai para o Instituto Angolano da Juventude (IAJ), órgão do Ministério da Juventude e Desportos, devido à falta de organização e segurança.
"Infelizmente não esperava por essa desorganização, a organização está mal e tudo está mal aqui, acho que trouxeram apenas cinco efetivos da polícia e a situação está mal com muitos desmaios aí dentro", lamentou à Lusa Daniel Quintas.
Camila Joaquim também lamentou a "situação dramática" vivida hoje na tenda do CCB, classificando o momento como um "desrespeito" aos jovens angolanos desempregados.
"É muito triste nós jovens termos que passar por isso", atirou, questionando a presença do corpo de bombeiros e do Instituto de Emergências Médicas de Angola, que socorreram "tardiamente" as vítimas.
Por seu lado, Firmino Jaime questionou a "seriedade do Governo" na criação de postos de trabalho para os jovens e apelou para melhor organização da FOEEFP, que decorre até sábado, considerando que o IAJ falhou, sobretudo, no reduzido número de efetivos da polícia destacados no local.
Governantes e deputados angolanos viram-se forçados a abandonar o local.
Pelo menos 38 instituições dos setores dos petróleos, banca, telecomunicações, ambiente, turismo, universidade, escolas de formação técnico-profissional marcaram presença na feira, mas ficaram impossibilitados de apresentar os seus serviços por falta de condições técnicas e espaços preenchidos pelos milhares de jovens.
Alguns expositores decidiram apenas receber os currículos para se "libertarem da pressão e ânsia" dos jovens, sendo que algum material, entre mesas, cadeiras e ar condicionados foram danificados.
A organização decidiu suspender o funcionamento da feira enquanto aguarda por mais efetivos da polícia para manutenção da segurança e não prestou qualquer esclarecimento sobre a continuidade da FOEEFP.