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Segunda, 04 Novembro 2024 10:18

Abel Chivukuvuku jamais trairia os seus pares da coligação na FPU - Politólogo

Três semanas após a legalização do PRA-JA e a investidura de Abel Chivukuvuku no cargo de conselheiro do PR, o assunto continua a ‘mexer’ e a gerar projecções em torno do futuro da Frente Patriótica Unida (FPU). Embora seja cedo para se projectarem cenários eleitorais de como as ‘peças’ serão expostas no tabuleiro em 2027, é dado quase adquirido que a FPU terá pela frente um difícil teste de coesão política.

Se, para uns, a legalização do PRA-JÁ se enquadra numa estratégia de o partido no poder enfraquecer a oposição, outros consideram que o acto se revestiu de um “enorme ganho político, não apenas para Abel Chivukuvuku (AC) e o seu partido, mas também para a democracia e o reforço da credibilização das instituições em Angola”, segundo o politólogo Sebastião Salakiaku.

Em entrevista ao Novo Jornal, o cientista político licenciado pelo Instituto Superior Metropolitano de Angola (IMETRO) é de opinião que o reconhecimento da mais recente formação política foi um ganho que transcendeu as fronteiras do País, que resultou da capacidade de resistência e crença dos membros do PRA-JA junto do Tribunal Constitucional (TC), que não terá tido outra saída, senão “ render-se às evidências dos factos”.

“O referido tribunal, em vez de fazer justiça e produzir jurisprudência, politizou o assunto por via de uma série de manobras”, denunciou, deixando transparecer que os vários ‘chumbos’ aplicados ao PRA-JA foram injustos.

Sebastião Salakiaku, antigo secretário nacional para Comunicação da UNITA, considera que o PRA-JA, mesmo sem estar legalizado, já constituía a “ terceira força do País”, devido, em grande parte, a AC, que, na sua óptica, é a “ entidade política mais ecléctica de Angola”.

Com a legalização, ele crê que o partido está mais forte e mais bem preparado para os próximos tempos.

Em relação à recente nomeação de AC para prover o cargo de conselheiro do PR, diz que vê o acto como “normal”, já que decorreu da “própria Constituição da República. O preenchimento de 15 vagas para o Conselho da República é uma prerrogativa do Chefe de Estado, que lhe confere o direito de escolher os seus conselheiros”. “É pena que até os mais lidos aqui no nosso País estejam a entrar numa onda de especulações em torno dessa nomeação”, lamenta o entrevistado.

Sebastião Salakiaku, que é também membro da ADEJA (Acção para o Desenvolvimento da Juventude de Angola), desmente as informações postas a circular no espaço público, que davam conta de que AC não teria consultado os seus pares da “coligação” antes de anuir ao convite do PR para prover o referido cargo.

Para o também realizador do programa ‘Entrelinhas’, da Rádio da Kianda, com a legalização do PRA-JA, a “FPU sai mais reforça da, coesa e com melhores condições, para protagonizar a tão almeja e até ansiada alternância do poder em 2027”.

Acredita que, nas próximas eleições, o PRA-JA e a UNITA venham a concorrer juntos, mesmo que isso implique uma abdicação dos símbolos originais das respectivas formações políticas.

“Numa coligação (formal) pré-eleitoral, nenhum dos partidos políticos coligados entra com os seus símbolos, cores, etc. Eles terão de abdicar dos mesmos e encontrar outros para a coligação, sem prejuízo da identidade, autonomia de cada um dos partidos coligados, para se conformar com a Constituição da República de Angola, a Lei dos Partidos Políticos, bem como com a Legislação Eleitoral”, revelou o político.

Na opinião de Sebastião Salakiaku, AC jamais trairia os seus pares da FPU, uma vez que já resistiu, no passado, às tentativas do que considera “chantagem” para não fazer parte de nenhuma coligação da oposição.

“AC tinha recebido telefonemas de altos dirigentes do Estado para não participar da FPU e, em troca, teria como “recompensa” a legalização do seu projecto político. Ele negou a chantagem, daí que não sei como iria trair agora os seus pares da FPU”, revela em defesa do líder político da oposição. O que que ele ganharia em troca? Não acredito nestas insinuações, especulações e sentimentos de medo”, finaliza o cientista político.

«Ele negou a chantagem, daí que não sei como iria trair agora os seus pares da FPU»

NJ

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