"É hora dos dirigentes da UNITA abandonarem as ideias que tinham de Muangai ou da Jamba. O momento é outro! Se queremos participar do jogo democrático, temos de ser coerentes com os nossos princípios e defender valores de interesse nacional", disse o general Higino Carneiro, em entrevista ao programa "Café da manhã" da Rádio LAC.
Durante a entrevista, Higino Carneiro acusou a UNITA de tentar dividir o País com o apoio do Governo sul-africano e referiu que o general Abílio Kamalata Numa não é pessoal indicada na UNITA para falar sobre a Batalha do Kuito Kanavale, acusando-o de ser, à data dos factos, uma "marionete" dos sul-africanos.
Segundo o antigo governante, durante o conflito entre o Governo e a UNITA, o diálogo esteve sempre presente e lamenta o facto de a UNITA nunca levar o diálogo a sério.
"A UNITA negociou sempre com tácticas. Estava na mesa das negociações, mas na frente militar tratava de querer ocupar sempre as posições", contou.
Nesta conversa, o histórico dirigente do MPLA lembrou que foi o seu partido e o Governo de então que criou, no início dos anos de 1990, a UNITA Renovada, de Jorge Valentim, com o objectivo de dividir, isolar e enfraquecer o partido de Jonas Savimbi.
Higino Carneiro disse, durante esta entrevista à LAC, que o frágil acordo de 1991, os Acordos de Bicesse, não teve êxito por conta da ambição do presidente da UNITA, Jonas Savimbi.
O militar garante ainda que o Governo nunca violou acordos com a UNITA durante o tempo do conflito armado que durou três décadas.
Na entrevista ao "Café da manhã", Higino Carneiro disse ainda que em 1992, na unificação do Exercito entre militares das FAPLA (Governo) e FALA (UNITA), o "Galo Negro" não entregou as verdadeiras tropas.
"A UNITA entregou mais civis do que tropas e hoje esses civis acabaram por ter postos militares. Os verdadeiros ficaram guardados por orientação dos sul-africanos, o Isaías Samakuva e o Kamalata Numa foram os protagonistas de guardarem essas tropas no sul de Angola", revelou.
Higino Carneiro disse também que as mortes de dirigentes da UNITA, em Luanda, em 1992, poderiam ter sido evitadas se estes dirigentes não tentassem fugir da capital.
"Os que ficaram, nós prosseguimo-los e muitos estão aí! Não fizemos mal nenhum", contou.
Quanto ao processo judicial em que esteve envolvido recentemente, no âmbito do combate à corrupção, Higino Carneiro disse que foi ilibado por falta de provas.
"No meu caso fez-se a justiça. Fui ilibado por falta de provas! Houve denúncias que não tiveram sentido", disse o general.
Durante à entrevista, o empresário e político do MPLA revelou que não faz parte da equipa de liderança de João Lourenço no MPLA e no Governo.
"O líder conduz com uma equipa com quem se reúne e traça orientações. Eu não faço parte desta equipe, mas estamos de fora a observar e a responder naquilo que o partido orientar", descreveu o político.
Segundo Higino Carneiro, a mudança geracional que se vive, hoje, no MPLA, é necessária e assegura não haver conflitos internos, pese embora admita que tal mudança não agradou a muitos no MPLA. NJ