Na entrevista colectiva concedida a 12 órgãos de comunicação social nacionais na passada quinta-feira, 9, João Lourenço reconheceu que Angola “ainda não tem uma comunicação social ideal e perfeita porque ainda não atingiu o nível da perfeição, como noutros sectores”, mas assegurou que o caminho para se chegar lá está a ser feito e que “ um dia teremos a comunicação social que o país merece".
O jurista Sebastião Assureira considera ser “uma utopia” dizer-se que o país tem uma comunicação social que reflecte todas as correntes políticas, sociais e culturais do país.
“O camarada Presidente ao dizer isso ele usou uma figura de estilo só para embelezar”, sublinha aquele advogado.
Para o também jurista Vicente Pongolola, os órgãos de comunicação social públicos “têm uma cobertura desajustada, privilegiando o partido que está no poder” o que, para ele, “fragiliza a democracia”.
Pongolola considera as declarações do Presidente da República um “um discurso de circunstância que não reflecte a realidade do país”.
Para o responsável da Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Migrações, da Conferência Episcopal Angola São Tomé (CEAST), padre Celestino Epalanga, se o Presidente chegou a tal conclusão “é porque a mídia pública o beneficia ao fazer publicidade apenas do seu partido e denegrir a imagem da oposição”.
O padre católico entende, por exemplo, que o facto de a mídia pública não ter dado eco ao recente “Congresso da Nação”, que reuniu várias personalidades da sociedade civil para falar sobre a reconciliação nacional é bem prova disso.
“Os organizadores do congresso pediram a cobertura mas a TPA e TV Zimbo não foram”, lembrou o padre.
Em tempo de pré-campanha eleitoral, vários observadores e a oposição, em particular a UNITA, têm criticado o facto de a imprensa pública, nomeadamente a Televisão Popular de Angola, dedicar longos minutos a actividades do MPLA, em detrimento de eventos dos demais partidos concorrentes às eleições de 24 de Agosto. VOA