Quinta, 11 de Dezembro de 2025
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Quinta, 11 Dezembro 2025 17:09

Esforços de João Lourenço para manutenção de poder Pós-2027

João Lourenço vem denotando nos últimos meses uma determinação mais resoluta em prolongar o seu mandato como PR - uma "percepção" que praticamente esvaziou a ideia de que estaria inclinado para a promoção de uma candidatura da sua conveniência pessoal e política.

A constituição de Higino Carneiro (HC) como arguido num processo judicial em que é acusado da autoria de crimes de peculato e burla no exercício de cargos públicos, é interpretada em meios políticos locais como visando “liquidar” os planos deste para se apresentar como candidato à presidência do MPLA no congresso de 2006 – podendo compeli-lo a desistir do intento, ou impedi-lo de o fazer em razão de uma condenação em juízo.

Segundo o África Monitor, a implementação da medida foi objecto de instruções dadas à PGR pelo director do gabinete presidencial, Edeltrudes Costa.

A PGR é um dos órgãos judiciais mais exposto ao controlo da PR, sendo o Tribunal Constitucional o outro.

O afastamento de HC da disputa da liderança do MPLA é considerado nas mesmas análises como “nova evidência” de que João Lourenço está determinado a prolongar o seu mandato como PR, para o que carece de ser reeleito presidente do partido e indicado como seu candidato às eleições presidenciais de 2027.

No entendimento de JL e de figuras que lhe são próximas, entre as quais o chefe do aparelho de segurança, Fernando Miala (FM), a candidatura de HC tenderia a “animar” indivíduos/sectores do MPLA contestatários do seu actual líder, por via disso a contrariar a sua eleição; HC é um dos mais conhecidos e populares quadros do MPLA, entre outras razões que o convertem num adversário temido de JL.

JL vem denotando nos últimos meses uma determinação mais resoluta em prolongar o seu mandato como PR – uma “percepção” que praticamente esvaziou a ideia de que estaria inclinado para a promoção de uma candidatura da sua conveniência pessoal e política.

Entre os elementos a que se considera devido o crescimento da sua determinação de “ficar”, são apontados “temores” com que o próprio encara a sua saída do poder num momento de contestação geral como aquele que manifestamente o atinge.

O foco de contestação que mais o inquieta é o do seu próprio partido, no qual é notoriamente desconsiderado. É considerado intelectualmente limitado, sem competências técnicas e falho de inteligência política, para além de movido por negativos traços de carácter, entre os quais instinto de vingança.

Os seus contestatários internos, mas sobretudo em meios da sociedade, incluindo alguns de reconhecida influência, comparam-no desfavoravelmente com o seu antecessor, José Eduardo dos Santos.

A divulgação recente de documentos aparentemente autênticos de acordo com os quais seu pai, Sequeira João Lourenço, foi no período colonial um qualificado informador da polícia política de então, a PIDE/DGS, terá sido vista por JL como “prova” da existência de uma insidiosa campanha contra si próprio, destinada a acirrar o clima de descontentamento de que é alvo. África Monitor Intelligence

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