Momentos após a sua tomada de posse, o novo líder da CASA-CE afirmou que a coligação poderia declinar a participação nas eleições autárquicas, previstas para o próximo ano, por entender que não dispõe de tempo suficiente para organizar-se para este desafio. Na altura, André Mendes de Carvalho tinha traçado como prioridades, a médio prazo, a participação da coligação nas eleições gerais.
Ontem, em declarações à RNA, o político deu o dito pelo não dito. “O que nós dissemos é que temos dois desafios: as eleições gerais em 2022 e as eleições autarquias em 2020 e que a CASA-CE iria priorizar as eleições gerais porque são aquelas que vão eleger o Presidente da República e a nova Assembleia Nacional. As eleições autárquicas estão previstas para 2020. Ainda estamos em 2019, (mas) com essas questões que a CASA viveu (problemas de liderança), então temos que ser realistas e ver o que é que vamos fazer para as eleições autárquicas”, disse.
André Mendes de Carvalho deixou, entretanto, claro que a CASA-CE nunca desistirá das eleições autárquicas. “Isso não! Vamos é tentar verificar os indivíduos elegíveis para autarcas e apostar nesta direcção”, disse.
O político admitiu que há algumas localidades onde a coligação poderá apostar mais, para obter melhores resultados. “Ainda não sabemos muito bem quais serão as regras com as quais essas eleições (autárquicas) serão realizadas. Então, é prematuro dizer se é aqui ou ali (onde deveremos apostar mais). Mas em mente, temos algumas localidades em que pensamos apostar mais, na esperança de obter melhores resultados”, afirmou.
Desafios imediatos
O novo presidente da CASA-CE apontou como desafios a entrega, ao Tribunal Constitucional, de toda a documentação para a oficialização de processos de reorganização na coligação.
“Vamos ter que reflectir profundamente sobre a nossa programação para o ano 2019. Depois, vem o desafio das eleições autárquicas, previstas para 2020, e a preparação das eleições gerais”, disse.
André Mendes de Carvalho comentou, igualmente, um eventual pedido de impugnação, por parte do anterior presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, ao actual processo em curso na coligação, junto do Tribunal Constitucional.
“De maneira nenhuma, ele vai poder ser presidente de uma coligação em que os membros estão a dizer que não têm confiança na sua pessoa”, afirmou o ainda presidente do grupo parlamentar da CASA-CE, reafirmando que a causa do afastamento de Chivukuvuku foi a perda de confiança à sua pessoa.
Em finais de Fevereiro, cinco dos seis líderes dos partidos políticos integrantes da CASA-CE decidiram afastar o anterior presidente, Abel Chivukuvuku, por alegada “quebra de confiança”.
Um dia depois de ser afastado, Chivukuvuku solicitou ao Tribunal Constitucional um esclarecimento sobre a legalidade da decisão. “Aquilo foi um anúncio em conferência de imprensa, e não passou disso. Em termos de procedimento, há actos próprios de ordem legal. Logo, deve ser o tribunal a decidir. Vou aguardar serenamente até que o tribunal se pronuncie sobre o assunto”, disse o político à Rádio Nacional de Angola (RNA).
Abel Chivukuvuku lembrou que o acórdão do Tribunal Constitucional de 2017 é esclarecedor em relação à presidência da CASA-CE. “É o tribunal que tem de voltar a declarar quem preside a coligação e não um grupo de militantes. Só espero que a situação seja resolvida de forma civilizada, cívica e séria”, disse.