Quarta, 24 de Abril de 2024
Follow Us

Sexta, 04 Abril 2014 15:20

Kumba Ialá: "Foi sempre elemento desequilibrador na política guineense" - analista angolano

Analista angolano Belarmino Van-Dúnem Analista angolano Belarmino Van-Dúnem

O ex-Presidente Kumba Ialá "foi sempre um elemento desequilibrador no cenário político" da Guiné-Bissau, disse à Lusa o analista angolano Belarmino Van-Dúnem, num comentário à morte hoje em Bissau daquele dirigente político guineense.

"A morte de Kumba Ialá não irá ter influência direta no ato eleitoral previsto para o dia 13, até porque ele já não fazia grandes intervenções há algum tempo, embora a presença política dele foi sempre um elemento desequilibrador no cenário político guineense", disse Belarmino Van-Dúnem.

Para o professor universitário Belarmino Van-Dúnem, que é especialista em Relações Internacionais, o candidato Nuno Nabiam, apoiado por Kumba Ialá nas presidenciais de 13 deste mês, "é que poderá titubear um pouco".

Belarmino Van-Dúnem considerou ainda que Kumba Ialá "instrumentalizou o facto de fazer parte da maior etnia na Guiné-Bissau, os balantas, para chegar à Presidência e fazer oposição através do Partido da Renovação Social, fundado por si".

Relativamente ao fim do processo de cooperação que estava a ser desenvolvido com o apoio direto de Angola, e que terminou de forma abrupta por decisão unilateral das autoridades guineenses, Belarmino Van-Dúnem disse não acreditar que Kumba Ialá tenha tido influência no sucedido.

A 11 de abril de 2012, em nota divulgada pela agência Angop, o Governo angolano garantiu nunca ter pretendido envolver-se nos assuntos internos da Guiné-Bissau.

A nota foi divulgada dois dias depois de Luanda ter confirmado a decisão de pôr termo à missão angolana de apoio à reforma do setor militar guineense (Missang), face a "dúvidas surgidas nas últimas semanas na alta hierarquia do setor da defesa e segurança (da Guiné-Bissau), em relação à necessidade dessa presença e dos objetivos desse programa de cooperação".

"Não acredito que Kumba Ialá tenha tido alguma influência positiva ou negativa uma vez que a sua ação pessoal já era pouco sentida, o mesmo pode-se dizer do seu partido", disse.

O ex-Presidente da Guiné-Bissau Kumba Ialá morreu hoje, aos 61 anos, devido a problemas de saúde. O corpo encontra-se na morgue do hospital militar de Bissau, vigiado por militares.

O político guineense fundou o Partido da Renovação Social em 1992, a segunda maior força política do país, e foi Presidente da República entre 2000 e 2003, tendo sido deposto por um golpe militar.

Kumba Ialá, que fez 61 anos a 15 de março de 2014, renunciou à vida ativa política a 01 de janeiro deste ano, alegando "haver um tempo para tudo", decidindo apoiar o candidato independente às presidenciais, Nuno Nabian.

Lusa/Fim

Rate this item
(0 votes)