Segunda, 06 de Mai de 2024
Follow Us

Sexta, 29 Julho 2016 10:58

Igrejas ou negócios?

À abertura político-partidária de há mais de duas décadas correspondeu uma desmesurada aceitação de seitas e grupelhos criados sob a aparência de congregações religiosas. Eram às centenas, aos milhares quase.

Felizmente, com o tempo e eventualmente à custa de muitas más recordações, algumas delas se foram extinguindo, dado serem então mecanismos aparentemente fáceis de criar, à custa de muitas das "chico-espertices" que vimos assolar a terra que nos viu nascer. Outras conseguiram permanecer, entretanto, sendo às vezes tremendo o poder, não apenas de persuasão mas também financeiro, que conseguiram acumular ao longo dos anos.

Não são de agora notícias, informações, opiniões e até fugas de informação que dão uma imagem muito pouco abonatória quanto ao comportamento de uma série de igrejas, quase todas elas coincidentemente ou não inventadas no Brasil, e que há anos vêm sendo referidas como se tratando de máquinas autênticas de fazer dinheiro, induzindo os fiéis, na generalidade pessoas intelectualmente pouco preparadas, a acreditarem em várias montagens de circo e a extorquirem o pecúlio das suas "irmãs" e "irmãos", que já não têm muito para o seu sustento e das suas famílias.

São, aliás, públicas e notórias as manifestações exteriores de riqueza dos chefes espirituais destes grupos no seu país de origem, onde estão normalmente sob investigação ou debaixo de um acompanhamento cauteloso de entidades policiais e judiciais. Apresentam-se aos mais incautos como salvadores, curadores e milagreiros de todo o tipo, através das mais diversas e experimentadas artimanhas, sem que se tenha visto alguma vez que benefícios reais trazem às populações e aos problemas que as apoquentam.

Também não constitui nenhuma novidade a relação íntima que um número substancial de membros das suas estruturas têm com o dinheiro, mantendo constantemente acesa a vela da ida aos bolsos de papalvos que vão sendo esmifrados, na mesma proporção em que os convencem da conquista do céu na terra, da vitória do "bem" contra o "mal", da cura de várias "doenças", utilizando, ao fim e ao cabo, os métodos já antigos e recorrentes das telenovelas brasileiras e mexicanas.

Quanto mais terra-a-terra e mais adaptados aos hábitos e costumes dos seus seguidores, mais facilmente acabam por fazer deles o que querem, engordando o seu pecúlio e, pelos vistos, não apenas localmente.

São também várias as denúncias que alguns dos seus integrantes, entretanto afastados ou que se decidiram afastar das mesmas, vão fazendo quanto ao resultado material das suas "campanhas" permanentes, em que não faltam já sequer pregadores angolanos que se adaptam rapidamente à pronúncia brasileira, entusiasmando e conduzindo a turba, cada vez mais semelhante a uma nova espécie de gado que aguarda as ordens do pastor, para dar conta da sua vida e dos seus problemas.

Talvez esteja na hora de estas instituições de carácter privado e aparentemente filantrópico, que não podem nem devem ser comparadas com estruturas seculares como a Igreja Católica, a Metodista e outras que integram desde há muito a idiossincrasia nacional, serem vistas e observadas à lupa pelas nossas autoridades, seja ao nível do Ministério da Cultura seja pelas entidades que acompanham e garantem, tanto quanto é possível, a idoneidade do ponto de vista de todo o tipo de bens materiais à sua guarda, os lucros que arrecadam, como os aplicam e onde vão parar. Pelo sim, pelo não...

NJ

 

Rate this item
(0 votes)