Sábado, 27 de Abril de 2024
Follow Us

Sexta, 06 Mai 2016 15:34

Onde estão agora os “meninos do coro” do regime de Angola?

Cadê eles? Cadê eles?

Por onde andam ou a que se deve o sepulcral silêncio dos mensageiros de tantas e tamanhas virtudes políticas e económicas que num passado ainda tão próximo apresentavam Angola como uma potência emergente ou um “El Dorado” (dava para tudo…), quando o que “está agora aí” é simplesmente o afundanço do país ante uma crise a que teria conseguido resistir se a mensagem fosse segura e certa.

Por Xavier de Figueiredo | AM

Nas suas roupetas de políticos, comentadores, empresários e o mais que se possa imaginar, incluindo simples propagandistas, os mensageiros andaram pelas televisões, jornais e púlpitos de toda a parte, como de costume Portugal à cabeça, a promover a ideia de que Angola estava alçada à condição de potência regional. A solidez e o prestígio do seu Estado, bem como o fulgor de uma economia a crescer a dois algarismos, não enganavam.

E ai de quem não visse as coisas assim! Gente de vistas curtas ou simplesmente dada a difamar Angola, era com esses “mimos” que levava. Má sorte ainda pior a de quem não só não visse tantas e tão sublimes virtudes económicas e políticas em Angola, como visse justamente o contrário. E a isso associasse inerentes riscos futuros.

Olhar para Angola com olhos de ver obrigou sempre a saber distinguir a aparência da realidade. É uma espécie de defesa contra métodos e manhas dessa entranhada cultura política do MPLA que consiste numa obsessiva promoção de aparências ou simples ficções como artifício para esconder realidades situadas nos antípodas.

Até se podia compreender (ou dar um desconto….) à propaganda que nos tempos anteriores à crise espalhou urbi et orbi tão fulgurantes como inócuas ideias acerca de Angola, se os seus agentes e animadores fossem angolanos. Olhava-se para eles como ingénuos ou calculistas, mas podia supor-se que era a sua consciência patriótica que os movia.

É a outro tipo de consciência (má consciência) que provavelmente se deve o silêncio dos mensageiros de tempos recentes, esses de outras pátrias, ante as ruindades reveladas pela crise petrolífera, como embaraçosas negações do que andaram por aí a pregar, quiçá a criar ilusões pelas quais pessoas e empresas se deixaram levar.

Nos antigos tempos de “trincheira firme da revolução em África”, o esforço do MPLA visando promover uma aparência de Angola calculada para ocultar ou subalternizar malefícios que haviam destruindo a sua economia e a harmonia social, já tinha contado no estrangeiro, Portugal em especial, com “meninos de coro”.

Por força das circunstâncias, os “meninos de coro” de então eram comunistas ou gente que navegava nas vizinhanças – alguns deles simples arrivistas políticos, que dessa forma escondiam incomodidades do seu passado. Os “meninos do coro” dos tempos de agora, esses são de outra cepa. Conservadores – na política, nos negócios, no que quer que seja que façam. O que os moveu?

 

Rate this item
(0 votes)