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Domingo, 08 Novembro 2015 09:59

O "debate" da RTP na visão do MPLA

O debate que a RTP se propôs realizar, no dia 5 de Novembro, opondo o embaixador António Luvualu de Carvalho a José Eduardo Agualusa teve o condão de revelar, uma vez mais, o profundo sentimento anti-angolano que prevalece entre os sectores dominantes da comunicação social portuguesa.

Por António de Andrade

Jornal de Angola

A RTP é uma estação televisiva pública e o formato adoptado para o programa era a realização de um debate. Mas a exibição prévia de imagens decorrentes da acção legal de repressão a arruaceiros foi susceptível, à partida, de condicionar o juízo dos telespectadores. Como se não bastasse, a postura agressiva e parcial do “moderador”, Adelino Faria, jornalista que vem do lóbi savimbista da SIC, desempenhou um papel central,  reduzindo Agualusa à sua diminuta dimensão de servidor do apartheid e traidor do seu povo. 

A acrescer, Agualusa invocou ali a nacionalidade angolana, prontamente acolhida pelos realizadores da RTP, seus compatriotas, que lhe deram a honra de ter a bandeira nacional  (a nossa bandeira gloriosa! ) como pano de fundo. Sucede que os realizadores portugueses, e sabe-se lá quem mais, sabem, tão bem como nós, que o dito-cujo goza de  cidadania portuguesa e é nessa condição que se permite discorrer sobre alegadas disfunções do sistema político angolano. 

Montado o cenário, a Agualusa bastava esgrimir os já estafados argumentos da suposta existência em Angola de um regime corrupto e totalitário, da pureza dos “revus”  presos por lerem um livro que na sua douta opinião não passaria de um “clássico do pacifismo”, entre outras diatribes.

Não contavam, porém, o savimbista e mongolóide Adelino Faria e Agualusa – dois cidadãos portugueses que pelos vistos estão bem sintonizados – com a desenvoltura argumentativa do jovem embaixador angolano, do seu provado conhecimento dos factos e da realidade sócio-política de Angola e de Portugal. Que não deixou de manifestar estranheza pelo facto de o jornalista português ter em sua posse o libelo acusatório do Ministério Público angolano contra os chamados “revus” para um julgamento marcado para16 deste mês, o que confirma a notável experiência dos “media” portugueses na violação do segredo de justiça. 

O embaixador Luvualu de Carvalho não deixou de mencionar as teses de Montesquieu relativas à separação de poderes, tão caras aos democratas portugueses, mas que não seriam aplicáveis a Angola.  

Valeu a solidez dos seus argumentos face à perfídia que encerrava o “debate”, o qual, recordou, tinha lugar no mesmo dia em que Portugal foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a pagar uma multa de 22 milhões de euros por violação sistemática daqueles direitos. 

Longe de conseguir a diabolização de Angola e dos seus dignitários, a diligência da RTP – órgão público português que se associou  à propaganda de guerra a favor de Jonas Savimbi, apenas confirma o que já se sabe: não se pode contar com Portugal para a construção de sólidas relações enquanto ali persistirem ambições neo-colonialistas e revanchistas. 

Angola, como destacou o embaixador angolano António Luvualu de Carvalho, vai continuar a trilhar o seu caminho democrático, determinado pela vontade popular expressa nas urnas.

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