Quarta, 05 de Novembro de 2025
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Quarta, 05 Novembro 2025 16:41

O empreendedorismo Digital deveria ser uma excepção e não uma regra.

Aqui só há uma opção, aceitar ser empreendedor forçadamente, dentro das conveniências de alguns gestores públicos, ou então serás excluído. Porque não há empresas Angolanas solidas que garantem o emprego ou autoemprego nestas áreas para os jovens.

O empreendedorismo não deve substituir as políticas da promoção de empregos. A experiência nos mostrou que promover o empreendedorismo quando não é uma tarefa dos empresários, fomentou a informalidade, criou hábitos e costume de se vender em qualquer local, e pôs em causa a fonte de receitas do Estado (impostos).

Uma vez mais este erro esta a se repetir na promoção do empreendedorismo digital, quando as pessoas empreendem por necessidade e não por oportunidade, o resultado será o seguinte: economia informal crescente, baixa produtividade, negócios pouco sustentáveis, concorrência desleal e ausência de proteção laboral. Ou seja, ao invés se promover o desenvolvimento, estará a criar mais fragilidade social.

A administração pública não devia promover tanto uma actividade que promove a informalidade e põe em causa a proteção social.

Empreender devia ser uma opção estratégica e não uma solução para os problemas da falta de empregos. O ideal seria o seguinte: Quem quer empreender, teria o apoio necessário. Quem quer trabalhar, teria um trabalho digno. Quem quer inovar, teria um espaço. E quem quer estabilidade, teria uma oportunidade.

A aderência massiva aos concursos públicos, e as enchentes que há quando há vagas nas empresas, mostra de forma inequívoca de que os jovens preferem emprego ou autoempregos do que empreender. - Não se devia ignorar este indicador.

A administração pública não devia promover tanto o empreendedorismo, ao invés disso devia prestar apoios as empresas que apresentam propostas de empregabilidade. Ate porque estas empresas tem a obrigação de capacitar o seu recurso humano para melhor servir os seus clientes e gerar rendimentos.

Ouço muitos gestores públicos dizerem sobre mudança de paradigmas, mas a verdade é que o modus operandi continua o mesmo. - Está prática de promover o empreendedorismo através das instituições públicas sem fins lucrativos, ao invés de se apoiar os empresários, economicamente não é sustentável.

Os kits no digital, ao invés de mitigar os problemas, geram consumo, e como se não bastasse consumo em divisas.

O apoio institucional e verbas que são dados as incubadoras públicas ou com convénio público que não empregam ninguém, deveriam ser dado as empresas privadas que existentes e têm experiência no mercado. Na economia de mercado o papel das instituições públicas é de fortalecer o ensino Técnico e superior, desenvolver o sector estratégico, melhorar a Energia, Telecomunicações, combater a Corrupção e Burocracia, garantir Crédito real, e não competir com o sector privado que é seu parceiro. 

Parece que do ponto de vista da experiência económica, implementação de programas e projectos, continuamos a cometer os mesmos erros; está a se ignorar o papel do empresário que é parceiro do Estado num contexto de economia de mercado.

A promoção do empreendedorismo em Angola é extremamente exagerada, e é promovida pelas instituições públicas.

Capacitar forçadamente os jovens para uma coisa que eles não pediram e muitos deles não querem, é, e será sempre se condenar ao fracasso. – Aliaís  os resultados falam por si.

Uns até ousam dizer que os jovens não estão preparados, quando a única coisa que se dá aos jovens é uma pilha de conteúdos teóricos, (sem nunca ter passado por um Estagio real), acompanhados de alguns kits, e depois disso, são largados a sua sorte.

Há verbas e apoios institucionais para as incubadoras públicas e de conveniências, mas não há apoios institucionais nem financeiros para ajudar as empresas que irão empregar os incubados. Alguns gestores públicos ao invés de serem parceiros, também estão a competir com os empresários.

Verbas para consultoria, tem. Para capacitação dos jovens sem o seu consentimento, tem. Para os brindes e aluguer de espaço para o invento, tem. Porque sabemos quem são os verdadeiros beneficiários. Mas para apoiar as empresas que são a fonte de receita do Estado, nunca tem.

O mundo hoje é uma aldeia global, por conta disso, tornou-se muito mais competitivo. Por vezes me pergunto, será que acredita-se mesmo que estes jovens que saem destas incubadoras, com os seus kits de computadores, e cheios de teorias, sem experiência prática e sem recursos financeiros, estão mesmo a altura de competirem com as empresas que detém as plataformas internacionais que operam no nosso ciberespaço a mais de 15 anos, que para além de experiencia detém capital financeiro robusto equiparados ao Orçamento Geral do Estado?!

Quando se fala no empreendedorismo digital, primeiro tem que se velar pelas empresas, estas por sua vez é que irão criar incubadoras para capacitar os jovens, de modo que eles estejam prontos para os desafios do mercado, para melhor representarem a empresa que lhes capacitou. O inverso é capacitar consumidores de um serviço que não é prestado por uma empresa Angolana ou sediada em Angola, que o pagamento será em divisas, pondo em causa a soberania do Kwanza. É, também criar empreendedores que irão se frustrar com o tempo pela falta de resultados. Porque não se empreende com um kit composto por um computador e 1.000.000 KZ apenas.

Empreender, é assumir grandes riscos, instabilidade financeiras no início, dificuldades de gerir pessoas, enfrentar burocracias, impostos, falhas e incertezas. Isso não é coisa que se aprende em um ano de incubação, muito menos se supera com kits. Isso requer experiências, maturidade, resiliência e persistência, qualidade raras em jovens inexperientes.

Nestes 50 anos de Independência Nacional, precisamos fazer uma reflexão profunda. Está claro que todos nós, sobretudo os jovens, queremos preservar as conquistas alcançadas até aqui. – Mas que verdade seja dita, a postura de alguns gestores públicos em negarem servir os interesses públicos, e negligenciarem dar tratamento a certos assuntos que visam melhorar o ambiente de negócio em Angola, e consequentemente gerar empregos, está a pôr em causa essas conquistas.

Por: Tomás Alberto

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