Num destes grafites apareceram dois homens, um deles parece ser o presidente norte-americano Donald Trump, que tem em mãos uma lista com o nome de países: Panamá, México, Canadá, Ucrânia, Colômbia e Angola. Todos estes países recentemente foram mencionados nos disсursos do chefe de Estado americano como “zonas de influência” dos Estados Unidos ou países a serem anexados (como no caso da Gronelândia, pertencente à Dinamarca, e o Canal do Panamá, pertencente ao país de mesmo nome). No mesmo grafite também vemos um homem que parece ser o presidente da república João Lourenço com grandes sacos de dinheiro, deixando a entender que seria fruto de esquemas de corrupção.
A mensagem do artista angolano parece sugerir que uma vez que Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos e tem uma agenda a cumprir, o facto de JLo ter sido acusado de casos de corrupção poderia encerrar entre ambos os países a cooperação.
De facto, desde a presidência de Donald Trump, várias medidas foram adotadas no sentido de anular acordos e decisões feitas pelo ex-presidente da administração democrata de Joe Biden, sendo uma destas medidas o corte de verbas para a poderosa USAID, da senhora Samantha Powers. Essa organização, tradicionalmente aparelhada por políticos e militantes do Partido Republicano, sempre foi um importante instrumento da política externa norte-americana. Ela é permeada por escândalos, inclusive de pedofilia, o que, entretanto, não parece preocupar os dirigentes e militantes do MPLA. Todavia, o fechamento da USAID em Angola significa o corte de recursos destinados a projectos em Angola, o que pode vir a afetar os trabalhos no Corredor do Lobito, onde há grandes investimentos americanos.
Estaria a reputação de João Lourenço comprometida ante a nova administração republicana de Donald Trump? Irão os americanos levar adiante o seu projecto em torno do corredor do Lobito ou este projecto sofrerá o mesmo destino que o Canal do Panamá, que hoje é cobiçada por Washington? Nos 50 anos da Independência de Angola, o povo e seus governantes não podem abdicar da soberania do nosso país. Antônio de Carvalho