A Organização da União Africana da altura (atual União Africana) não hesitou em contribuir para pôr fim à colonização de Angola.
Após a sua independência em 1975 e sob a presidência de José Eduardo dos Santos, o país sempre deu a impressão de estar de costas voltadas para o continente.
Raramente viajava dentro do continente. Isso não ajudava os angolanos a prestar uma atenção especial a tudo o que se passava em África.
Sentiam-se mais próximos dos portugueses do que dos africanos.
É preciso dizer que a sua participação nos encontros no continente foi muitas vezes tímida.
É de salientar que foi a organização da Taça das Nações Africanas que contribuiu, em grande medida, para a abertura do país e para a evolução das atitudes a favor do continente.
Foi uma oportunidade que marcou um ponto de viragem, que foi benéfico e deu início ao desaparecimento da maioria dos preconceitos sobre África.
Chegou o momento de retificar esta trajetória. O ensino da história de África seria um remédio eficaz, pelo que deveria ser generalizado e obrigatório a partir da escola primária.
É dever de cada angolano conhecer a história de África para se sentir mais africano e estar mais próximo dos cidadãos dos outros países africanos.
É possível falar de pan-africanismo sem conhecer a história do continente?
O Parlamento deveria debruçar-se sobre o assunto para corrigir rapidamente a situação. Também é desejável uma iniciativa presidencial. O governo deveria tomar medidas para melhorar a integração do país no continente.
Atualmente, há todas as razões para pensar que a diplomacia angolana em África sofre de falta de pessoas que conheçam a história africana. Com o tempo, Angola ganharia visibilidade e encontraria o seu devido lugar se o país invertesse gradualmente a situação.
Angola faz parte de África. Cabe, portanto, ao governo mostrar o caminho, sensibilizando os angolanos para o passado histórico do continente e fornecendo-lhes todos os instrumentos necessários para atingir esse objetivo.
Pody Mingiedi
Politólogo
Observatório & Análises da política angolana
Genebra, Suíça