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Segunda, 25 Setembro 2023 16:32

Congresso da JMPLA e o xadrez dos bastidores

No cenário político angolano, as eleições gerais de 2022 deixaram um profundo impacto e uma mensagem clara: o desejo de mudança e renovação. Essa chamada à transformação não se limitou aos partidos políticos estabelecidos, mas também se estendeu às organizações juvenis, como a JMPLA (Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola), assim como no braço juvenil da UNITA - a JURA (Juventude Unida Revolucionária de Angola).

Agora, à medida que se aproximam as eleições gerais da JMPLA em 2024, é imperativo analisar o fraco desempenho da liderança atual nas últimas eleições de 2022 e discutir a necessidade de eleger um jovem mobilizador e unificador, bem como rejuvenescer as estruturas partidárias.

As eleições gerais de 2022 foram um sinal claro de que a juventude angolana anseia por uma mudança significativa, quer nas políticas públicas destinadas à essa franja da sociedade e sobretudo sobre os jovens que lideram essas iniciativas junto dos principais atores políticos. A liderança de Crispiniano dos Santos não conseguiu corresponder às expectativas e às necessidades emergentes dessa juventude, resultando em uma performance aquém do desejado.

A sociedade angolana está cada vez mais consciente, informada e exigente, e espera que as suas lideranças estejam alinhadas com os desafios e as aspirações da juventude em especial.

Nesse contexto, é crucial que a JMPLA escolha um Secretário Geral que seja um jovem mobilizador e unificador, para contrapor-se ao Deputado Nelito Ekuikui, que lidera desde Março o braço juvenil da UNITA. Este líder, deve ser capaz de reunir as diferentes alas dentro da organização e inspirar a colaboração e a coesão, pois a divisão interna enfraqueceu a JMPLA nos últimos anos, e agora é a hora de superar essas diferenças em prol de um objetivo comum: representar e atender às necessidades da juventude angolana.

Além disso, a renovação das estruturas da JMPLA é fundamental e a muito que se espera uma agremiação mais pujante, independente e coerente face aos desafios da juventude angolana. A liderança atual tem estado no poder por força da sua passividade e subserviência ao partido, e a necessidade de injetar sangue novo e ideias frescas é evidente. A juventude angolana é diversificada e dinâmica, e todas vozes devem ser ouvidas e representadas de maneira autêntica. Rejuvenescer as estruturas partidárias não é apenas uma questão simbólica, mas também uma medida prática para garantir que a JMPLA esteja em sintonia com a juventude que representa.

A corrida pelos bastidores já arrancou, com a constituição de três alas que pretendem catapultar jovens de seu pelouro e interesse, demonstrando um reflexo da importância das próximas eleições gerais da JMPLA. Essas alas representam diferentes visões e abordagens para o futuro da organização, e a competição entre elas pode ser benéfica, se for conduzida de maneira transparente e justa.

A primeira ala é a do candidato da continuidade, sendo o próprio Crispiniano dos Santos a fazer lobby para lançar o jovem Justino Capapinha para a liderança da JMPLA. Nessa lista apoiada pelo Secretário Geral do MPLA Paulo Pombolo e o seu pai Job Capapinha, há nomes que acompanham a militância de Justino desde Portugal, como a implacável Danila Bragança e o estrategista Cleusio Pereira, juntando aqui nomes como do Jandir Patrocínio e o talentoso Kelvin John que vem da África do Sul.

A segunda ala é uma orquestra de dois maestros do MPLA, Jú Martins e Mário Pinto de Andrade, que pretendem lançar como candidato o jovem Osvaldo Izata (filho do Embaixador Sebastião Izata). Para acompanhar essa candidatura juntam a jovem Secretária da JMPLA em Portugal e membro do Comité Central Lisandra Manhita de Almeida, os destacados Laucio Costa e Victor Hugo Texeira, em segunda posição a secretaria da JMPLA no município de Luanda Jéssica Romero.

A terceira ala e não menos importante é uma tutela da Vice Presidente do MPLA, Luísa Damião. A sua aposta vai na Deputada Hemingarda Fernandes e no seu filho Nivaldo Fragoso. Se assim se formatar, é provável que teremos um congresso bem disputado, diferente do Congresso da JURA onde o Nelito Ekuikui era um vencedor sem pleito.

No entanto, é vital que os interesses pessoais e políticos não se sobreponham ao interesse maior da juventude angolana. A eleição do Secretário Geral da JMPLA deve ser um processo que priorize a capacidade de liderança, o compromisso com a unidade e a habilidade de representar efetivamente a juventude.

À medida que nos aproximamos das eleições gerais da JMPLA em 2024, a esperança recai sobre a capacidade desta organização de se renovar e se unir em prol de um futuro melhor para a juventude angolana. A liderança que emergir dessas eleições, terá a tarefa de enfrentar os desafios do presente e moldar o futuro da organização. É um momento crítico para a JMPLA mostrar que está à altura dessa responsabilidade e que pode verdadeiramente representar e servir a juventude.

Emerson Sousa.

Analista político.

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