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Segunda, 11 Mai 2020 23:23

Reconciliação do MPLA: uma palavra de ordem

Persiste os rumores do fragilamento realizado na orla marítima angolana contra todas as figuras eduardistas, cujo canhão utilizado é de alta cilindragem tendo sido tomado pelo regime do Gen. João Lourenço como sua única estratégia de Governo.

Não se admira que qualquer figura que conserva algum afecto no seu ADN com a figura de JES não lhe é permitido falar nas rádios, nem sequer na TPA e na Zimbo por mais forte que seja, por mais títulos que tenha, e por mais conhecimento técnico – científico que possua.

Ficou um costume julgar os eduardistas como sendo os maus da fita, piores que Savimbi ou qualquer outra figura da oposição, lembro – me de ter sido barrado na TV - Zimbo depois de ter citado de forma pública JES e elogiado o seu papel no plano da salvaguarda do papel de Neto num dos programas do Sr.º Amílcar quando convidado para abordar o impacto histórico do 17 de Setembro (Dia do Herói Nacional), desde ali, o nome Hungulo passou a causar tanta náusea aos visados ao ponto de preferirem até profissionais de péssima qualidade técnica ou ideológica ao invés de pôr a falar um João Hungulo (pro – eduardistas) em suas telas de comunicação social.

Arrepio – me das inúmeras perseguições que tenho vindo a viver por defender JES, até parece que defender os interesses dos oprimidos e odiados passou a ter um preço pior que um calvário, é o que estamos a viver, privados a tudo, até a falar publicamente nas televisões que o próprio JES criou.

Recentemente fiz um teste numa clínica privada, tendo entrado com a melhor nota na admissão, mas logo que viram o nome João Hungulo fui logo rotulado (como pró – eduardista), tendo sido afastado de maneira severamente injusta, sem ter realizado nada de mal, desde então, é o que se vive quando se defendem causas neste País, hoje defender JES passou à ser mais perigoso que a opressão vivida pelos nitistas no pós – 27 de Maio.

Pedimos à Vossa Excelência Sr. PR Gen. JLO que ponha de parte a separação no MPLA e cale as vozes da perseguição que persistem no País. O MPLA já foi o Partido mais forte de África, porém, tal ponto de vista fracassou por ambição pessoal, não se percebe porque é que persegue – se os pró – eduardistas e defendente – se os lourencistas, netistas, nitistas e os maquisards?! O que JES fez de tão grave que todos nós temos de ser sujeitos à tanta injustiça em Angola?

Estamos todos fartos de tanta perseguição que hoje somos vítimas nesta terra em que nasceram nossos ancestrais, ameaçados à tudo, até a perder a própria vida, só por ter defendido JES, já se tornou numa moda em Angola. Mas ninguém deve se esquecer pelo seguinte, JES é um homem de significação incomparável no âmbito histórico, um património vivo da pátria angolana, não há como calar – se em expressar a alta validade que define o seu impacto em todos os horizontes de natureza angolana. 

Enquanto muito se expressa o combate aos eduardistas, os lourencistas aproveitam tal oportunidade para se enriquecerem de forma completamente ilícita.

A guerra do Gen. JLO fez refém variados companheiros de arma, de longa data, mas desta vez, ficaram nas trincheiras unicamente as duas filhas do ex – Presidente e algumas figuras pró – eduardistas, e, são nessas figuras em que pesam todos os estilhaços lançados pelo regime actual contra os eduardistas.

Ninguém se deve esquecer pelo seguinte, se, João Lourenço não acabar com a guerra dentro do MPLA e perdoar Isabel dos Santos como fez com Álvaro Sobrinho, Edeltrudes, Manuel Vicente, Agnaldo Jaime, etc, etc, que por sinal todos cometeram corrupção com excesso de desvio de fundos aos seus bolsos, o MPLA irá conhecer de forma súbita e compulsiva o seu fim último, contra factos, ninguém deve teimar em persistir.

Não há como se esquecer pelo seguinte, quem perde nesse tipo de justiça separatista, irrealista, vingativa e completamente oportunista é só mesmo o próprio MPLA. Pois que, foi o MPLA que sempre dirigiu o destino do País e quando se realiza segregação política como forma de combater a corrupção não há dúvidas que, afectará todas as entranhas do MPLA, incluindo os seus alicerces. Nesta guerra o MPLA não irá sair vivo, porém, não se devem esquecer pelo seguinte, o fim da guerra pressupõe um perdão à figura de Isabel dos Santos, longe disso, a guerra não pode ser apontada como ter terminada.

Se persistirem os rumores de guerra contra Isabel e os demais eduardistas, é mister esperar um MPLA completamente fracassado como fracassaram a FNLA, a CASA – CE, o PRS, estando mais próximo do fim que outra coisa. Não se percebe como podem perseguir Isabel dos Santos, porém, deixam o País entregue à uma nova cúpula de corruptos, como se justifica o pagamento de 17 milhões de Kzs para manutenção da casa da terceira figura mais importante do País, Excelência Sr. Presidente da Assembleia Nacional?

Como se justifica a Ordem de saque do Governo Provincial do Kwanza-Sul de cerca de 24.700.000,00 (Vinte e Quatro Milhões e Setecentos Mil Kwanza) para alugar carros para os Administradores que já têm carros num momento de avultada crise económica? Como se justifica a nomeação do juiz Manico que pesam nas suas mãos exaltados crimes de corrupção num momento em que a luta contra corrupção é por sinal a maior bandeira do regime dirigido pelo Gen. João Lourenço?

Como se aceita matar pessoas às ruas uma vez que o próprio Presidente da República afirmou que uma das grandes prioridades do seu regime era a afirmação no plano austral em termos de direitos humanos? Como se aceita o nepotismo em diferentes escala nacional na estrutura do Estado?

Desde logo, sabe – se que, caso persista o interesse em combater Isabel dos Santos à custa de uma luta inglória e selectiva, o País ver – se – á tomado pelo abismo, até então previsto por todos nós. Isabel dos Santos seria a peça fulcral para fazer face à dimensão da crise no País, face a covid – 19, não há como persistir numa guerra inglória, sem nexo de causa, uma guerra que acaba por depreciar a popularidade do próprio regime, a reconciliação do MPLA deve ser uma palavra de ordem, para tal, é imperativo chamar Isabel dos Santos para que se enterre toda a força de vingança que o regime carrega nas suas veias desde que a luta contra corrupção se fez num facto.

Nada do que se está a fazer desenvolve um clima de Paz no seio do MPLA. A perseguição tem de acabar, dar lugar à um clima de unidade no seio do MPLA, por que razão Isabel deve pagar as contas de um bolo que todos eles comeram, indiquem um único indivíduo do MPLA que não tenha comido do bolo da corrupção no tempo passado e que tenha feito parte do Governo, do C.C. ou do B.P?

No MPLA não há inocentes, não convém fazer da hipocrisia fórmula para armadilhar o próprio futuro, essa guerra vai acabar com o próprio MPLA, e nada de útil sobrevirá desta, nem sequer, a própria corrupção terá um fim, último. Não nos é simpático, ideologicamente, em muitos aspectos do combate à corrupção, que se coloque à dispor de uma guerra contra uma única pessoa, enquanto isso, o País padece inundado com variados marimbondos que no passado e no presente todos eles ficaram sujos pelos crimes de lesa pátria nos termos da corrupção contra o Estado angolano.

Isabel não deve servir de “bode expiatório” do regime, para dar falso alarme ao mundo estrangeiro de que existe um combate à corrupção de facto, em Angola, ao passo que, não passa de um fumo falso sem fogo à acender, afinal de contas, há tanta corrupção hoje na estrutura do Estado que deveria envergonhar o próprio Estado em preocupar – se demasiadamente com Isabel dos Santos, abandonar o caso Isabel e focar – se no presente que anda completamente nu de transparência, tendo tomado como sua música preferida a própria corrupção.

O que se passa com Estado angolano que vocacionou – se em combater Isabel dos Santos e os eduardistas? Deixar o País tomado pela corrupção? Neste quadro de luta contra a corrupção, que nem sequer existe na prática, é imperativo perdoar Isabel e os eduardistas, bem como dar avante um plano de reconciliação do MPLA, assim como um plano de recuperação económica, dando fim a recessão económica hoje evidente entre nós.

A covid - 19, deixará cicatrizes bastante profundas nas entranhas da nossa economia angolana, é imperativo que o Estado tome consciência sobre as verdades desse cenário, desde logo, em vez de combater os eduardistas deveria utilizá – los para um plano de recuperação da economia completamente desastrosa.

É mais útil um perdão plural (amnistia) e um plano de utilização das mesmas figuras que fizeram corrupção no passado para a recuperação da crise económica que combatê – las, afinal de contas, são todos do MPLA, sendo assim, não se justifique que sejam crucificados pelo mesmo regime. Desde logo, a segregação política, somente levará o País ao abismo económico, e nem sequer o próprio regime sairá salvo, ninguém ganhará com essa guerra, nem o País, nem sequer o MPLA. Esse combate à corrupção é como alguém que estivesse à dar tiro na própria cabeça, é um suicídio puro, é combater a própria organização, é matar a própria família MPLA.

As memórias de Isabel dos Santos são preciosas, não apenas, pelas fantásticas capacidades de projectar o futuro, mas também porque ela não vive de sonhos, vive de práticas progressistas. Preparar uma manobra táctica visada num perdão plural (amnistia), fazer um cerco à crise económica com o convite de todas as figuras que fizeram corrupção no passado, unir o MPLA, chamar Isabel dos Santos para inseri – la no plano de revitalização da economia angolana hoje sacrificada por avultadas formas de crise económica, seria a melhor peça de artilharia de um Governo sério comprometido com o futuro do País e do povo angolano.

Outrossim, a guerra não dará credibilidade nem ao País, nem sequer ao próprio regime. Aliás, não há ninguém que consegue combater o próprio regime, nenhum Pai mata a própria família como meio de salvá - la, nem o delírio da loucura pode levar a humanidade à cometer um homicídio de sua própria causa. Desde logo, o plano visado na perseguição aos eduardistas pode dar fim ao MPLA. 

BEM – HAJA!

João Hungulo: Analista Político, Mestre Em Filosofia Política E Pesquisador.

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